- «Entre 1996 e 2002, cerca de nove mil mulheres portuguesas interromperam a gravidez em clínicas espanholas. Muitas outras, sem capacidade económica para tal, foram obrigadas a recorrer a estabelecimentos clandestinos em Portugal, muitas vezes com risco para a própria vida e sujeitas à perseguição judicial. É esta realidade que urge mudar. (...) Segundo um estudo publicado na Revista Portuguesa de saúde Pública relativamente às estimativas de abortos clandestinos de 1993 a 1997, Portugal apresenta nesse período as mais elevadas taxas da Europa. Por cada mil mulheres em idade fértil (dos 15 aos 44 anos), no nosso país realizaram-se 38,61 abortos, enquanto na Europa a taxa foi de 28. Tendo em conta o número de abortos por 100 nados vivos, em Portugal registaram-se 78,15 abortos clandestinos, enquanto na Europa, em 1993, o número foi de 19,88. Como resolver este problema de saúde pública? Não há outro caminho senão o despenalizar a IVG no primeiro trimestre. Este é um problema de política criminal. Se a lei não é obedecida, pois não corresponde à consciência comunitária, se ela não defende o embrião nem o feto, se é a lei que cria um problema de saúde pública, então há que alterá-la, já que é uma lei meramente simbólica.» («NÃO ao obscurantismo criminalista», no Mais Livre.)
- «No anterior referendo votei "Não". De acordo com a minha consciência era o que achava certo. Mudei de opinião. Não em relação àquilo que é para mim o aborto. Não enquadro na minha vida, a possibilidade de eu decidir fazer um aborto. Se, por algum motivo, tivesse de o fazer, seria algo que me feriria profundamente. Como mulher e como crente. Mas o que acho certo (fruto da minha consciência, da minha formação humana e cristã) para mim, não quero impô-lo a outros. (...) O direito à vida é fundamental, mas não a vida a qualquer custo. Não basta dar a vida, é necessário amar, cuidar, proteger. (...) Gostaria de viver num mundo, em que não existisse o aborto. Mas não vivo. E manter a criminalização, não ajuda a tornar isso possível.» («Sobre o referendo de 11 de Fevereiro», no Jardim de Luz.)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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