- «Também não vê Mafalda contradição entre a admissibilidade da pílula do dia seguinte e a punição da interrupção voluntária da gravidez. Mas devia ver essa contradição. É que a pílula do dia seguinte actua sobre óvulos já fertilizados, antes da nidação. Ora, coerentemente para a Mafalda, a vida tem tanto valor nesse momento como depois da implantação no útero materno. (...) Mafalda, especialista em espantar-se com o que mil pessoas antes de si já descobriram, vem dizer que os adeptos do “Sim” não conseguem explicar a fronteira das dez semanas. Conseguem, Mafalda. O óvulo fecundado vai-se desenvolvendo. Às 12 semanas forma-se a estrutura cerebral e às 20 semanas começa a actividade cerebral superior. Neste trajecto há uma realidade biológica que se vai desenvolvendo. Não sabe a Mafalda que o aborto não é punido tão gravemente como o homicídio? Acha a Mafalda que, no caso de conflito entre a vida da mãe e a do feto, o médico e o pai podem decidir livremente o que fazer? É óbvio que não, Mafalda! Apesar da vida ter sempre valor, um ser autónomo não vale o mesmo que um óvulo fecundado.» («Mafalda, a contestatária», no Câmara Corporativa.)
- «Um crente que pratica o aborto não pode ser absolvido? Quem teve uma fraqueza e se arrepender é objecto da misericórdia divina. Mas a Igreja é bastante dura e o Direito Canónico excomunga essa pessoa. A pessoa faz um aborto em plena consciência de que está a fazer um mal. As pessoas não o confessam, mas fazem o aborto. A diferença é que [se ganhar o sim a 11 de Fevereiro] deixa de ser clandestino. Todos os pecadores pecam clandestinamente, mas estar nessa clandestinidade já é uma pena. Mas, se um marido engana a mulher, é diferente ser no estrangeiro ou à sua frente. É diferente porquê? Evidentemente que não houve escândalo. Se faz o mal onde não há contágio, tem uma atenuante. O problema é saber-se? É menos mau'.» («do mal e dos óculos escuros», no Glória Fácil.)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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