- «O Manuel é um alto quadro de um banco. O Joaquim é funcionário judicial. São os dois homossexuais e começaram a viver juntos há quase 50 anos. Viviam numa casa comprada por ambos (...) em nome do Manuel (...) A única família do Manuel eram dois sobrinhos que viviam em Trás-os-Montes (...) que ao longo dos anos sempre se haviam recusado sequer a pronunciar o nome do tio que era «paneleiro». Mas no próprio dia do funeral, já à noite, foram a casa do tio. A primeira coisa que fizerem foi correr com o Joaquim (...) Nessa noite o Joaquim dormiu nas escadas do prédio. Tinha 76 anos». («Não sejamos maricas», no Random Precision.)
- «Depois do aquecimento global, chega a vez do bacalhau. Baseados em estudos "científicos", os arautos do fim do mundo proclamam agora que o Mar do Norte está quase a ficar devoluto das sápidas criaturas. A pesca em massa estaria a levar o bacalhau à extinção, imagine-se! (...) Com estes disparates, a tropa fandanga de "cientistas", esquerdistas e pseudo-ecologistas só revela, mais uma vez, a sua total iliteracia económica. Então não é óbvio que a pressão da procura levará inevitavelmente a um acréscimo da oferta? Que os simpáticos e generosos bacalhaus, confrontados com um número crescente de barcos pesqueiros, não tardarão a aumentar a sua fertilidade e a densidade dos seus cardumes? Como sempre, as leis do Mercado sobrepõem-se aos caprichos humanos e até à débil vontade das bestas marinhas. Amén». («Bacalhaus e liberalismo», no Aspirina B.)
- «O anonimato justifica-se quando: 1. o autor precisa proteger a sua integridade física, que ficaria ameaçada em caso de exposição. Aplica-se nos casos de países com regimes ditatoriais (como Cuba), “democracias musculadas” (como a Rússia) ou tiranias persecutórias (como a China e o Irão). 2. o autor precisa proteger a sua integridade profissional ou o seu nome. A aplicar em democracias, em situações extremas e/ou complexas, como o funcionário público que pretenda denunciar um escândalo, como o assalariado que quer expôr uma falcatrua, como o cidadão que precisa denunciar ilegalidades que conhece e pode (ajudar a) comprovar». («Sobre o anonimato», no Mas certamente que sim!.)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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