«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2005
Citações republicanas (2): Albert Camus
«La démocratie, ce n'est pas la loi de la majorité, mais la protection de la minorité.»
Não, não é isso. Trata-se de assegurar, por exemplo, os direitos individuais (e.g., através da Constituição) contra as maiorias que podem querer abusar de o ser. (Mas é claro que eu não acho que o facto de pertencer a uma minoria sociológica, por si só, conceda direitos. Não pode é subtraí-los...)
Sr. Ricardo Alves, ao dizer que por pertencer a uma «minoria sociológica, por si só», não é motivo para se obter direitos, e logo a seguir dizer que não «pode é subtraí-los»... para subtrair é preciso haver onde subtrair. Está a ver onde quero chegar?
Luis, não estou a perceber. O que eu defendo é a igualdade de direitos, independentemente de se pertencer à maioria ou à minoria em matéria de religião, de opção política, de «raça», de sexo, de orientação sexual, etc. A democracia é uma forma de escolher o governo, nada mais. E Camus não era anarquista, caro anónimo. Foi comunista na juventude e durante a resistência (quando isso «doía»), e saiu logo após o final da guerra (quando isso passou a dar «facilidades»). Nos textos dos anos 50, situa-se à gauche mas nem revolucionário nem reformista, antes revoltado. O que dá livros engraçados e bastante íntegros do ponto de vista ético.
Não. É apenas para levarmos os nossos pensamentos às últimas consequências. É que me parece que só assim podemos garantir a realidade das medidas universais que preconizamos sem cair em abstracções. Por exemplo, a igualdade é uma medida universal preconizada por muitos. Mas só sai da abstracção quando devidamente fundamentada. E é este o percurso que eu procuro percorrer numa conversa. Parece-me que se assim não fôr, acabamos por cair numa espécie de logorreia muito afim dos debates televisivos.
Se é para proteger as minorias, para quê uma Democracia?
ResponderEliminarLuís,
ResponderEliminarPara não se tornarem uma ditadura das maiorias.
Marco, exacto!
ResponderEliminarAssim torna-se uma ditadura das minorias. É isso?
ResponderEliminarNão, não é isso. Trata-se de assegurar, por exemplo, os direitos individuais (e.g., através da Constituição) contra as maiorias que podem querer abusar de o ser.
ResponderEliminar(Mas é claro que eu não acho que o facto de pertencer a uma minoria sociológica, por si só, conceda direitos. Não pode é subtraí-los...)
Porque é que é uma citação republicana se fala de democracia?
ResponderEliminarA democracia é efectivamente a lei da maioria, admitindo que pretende proteger a minoria.
Pelo que sei Camus era anarquista ou estava muito próximo e isso talvez explique a consideração sobre a democracia como um "deveria ser".
Sr. Ricardo Alves, ao dizer que por pertencer a uma «minoria sociológica, por si só», não é motivo para se obter direitos, e logo a seguir dizer que não «pode é subtraí-los»... para subtrair é preciso haver onde subtrair. Está a ver onde quero chegar?
ResponderEliminarLuis,
ResponderEliminarnão estou a perceber. O que eu defendo é a igualdade de direitos, independentemente de se pertencer à maioria ou à minoria em matéria de religião, de opção política, de «raça», de sexo, de orientação sexual, etc.
A democracia é uma forma de escolher o governo, nada mais.
E Camus não era anarquista, caro anónimo. Foi comunista na juventude e durante a resistência (quando isso «doía»), e saiu logo após o final da guerra (quando isso passou a dar «facilidades»). Nos textos dos anos 50, situa-se à gauche mas nem revolucionário nem reformista, antes revoltado. O que dá livros engraçados e bastante íntegros do ponto de vista ético.
Eu suponho então que a uma igualdade de direitos corresponde uma igualdade de deveres, certo?
ResponderEliminarPode-me dar dois ou três exemplos concretos?
«Eu suponho então que a uma igualdade de direitos corresponde uma igualdade de deveres, certo?»
ResponderEliminarSim. Qual é a dúvida?
«Pode-me dar dois ou três exemplos concretos?»
Isto é para desconversar, anónimo «Luís»?
Não. É apenas para levarmos os nossos pensamentos às últimas consequências. É que me parece que só assim podemos garantir a realidade das medidas universais que preconizamos sem cair em abstracções. Por exemplo, a igualdade é uma medida universal preconizada por muitos. Mas só sai da abstracção quando devidamente fundamentada. E é este o percurso que eu procuro percorrer numa conversa. Parece-me que se assim não fôr, acabamos por cair numa espécie de logorreia muito afim dos debates televisivos.
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