O novo imposto sobre o património tem sido debatido de forma exageradamente crispada para os dados concretos que se conhecem. Sabe-se apenas que o limite inferior do património tributável será entre meio milhão de euros e um milhão de euros; e que afectará portanto, respectivamente, 44 mil ou nove mil contribuintes. Não é claro se será excluída do património englobado a habitação própria, ou incluídos os imóveis arrendados ou que sejam sede de empresas, ou ainda património móvel (carros?). Muito menos se divisa qual a taxa aplicável, embora se diga que a receita será de 100 milhões de euros. Está-se portanto a discutir (em público) quase sobre o vazio.
O governo apoiado pelas esquerdas unidas pode e deve discutir uma reforma da fiscalidade para o próximo orçamento. É até um avanço relativamente às medidas tomadas no primeiro ano de governo, geralmente começadas por «re»: repôr salários, restituir cortes, reverter concessões de transportes, retirar subsídios às escolas privadas. Embora concorde na generalidade com essas medidas, a esquerda não pode ser só a oposição da direita. Tem que ter uma visão construtiva clara quanto ao que pretende para o futuro. E uma fiscalidade mais incidente sobre os muito ricos, embora mais justa por aliviar os pobres e a classe média, não significa uma alteração profunda na relação entre os cidadãos e o Estado. Do primeiro governo do PS apoiado pela esquerda radical esperava-se mais.
Por outro lado, continua por abordar substancialmente a questão de fundo da dívida e da sua resolução. Essa guerra só poderá ser travada nas instituições europeias, e nenhum dos partidos parlamentares à esquerda do PS acredita suficientemente na União Europeia para a querer reformar. Essa insuficiência da «geringonça» será, mais tarde ou mais cedo, manifesta.
Por outro lado, continua por abordar substancialmente a questão de fundo da dívida e da sua resolução. Essa guerra só poderá ser travada nas instituições europeias, e nenhum dos partidos parlamentares à esquerda do PS acredita suficientemente na União Europeia para a querer reformar. Essa insuficiência da «geringonça» será, mais tarde ou mais cedo, manifesta.
Tudo se encontra suspenso do que acontecerá nos próximos 18 meses. De lembrar que haverá eleições nos EUA, Holanda, França e Alemanha e é provável que se registem avanços significativos de forças populistas (Trump pode ganhar nos EUA, Wilders na Holanda, e Marine Le Pen poderá passar à segunda volta das presidenciais em França e se o seu adversário for Sarkozy, nunca se sabe o que poderá suceder). Se isto provocar uma crise de confiança monumental nos Mercados, Portugal pode bem ser empurrado para fora do Euro, porque não haverá segundo resgate. Aí, assistiremos a uma recomposição do sistema partidário português com toda a probabilidade, e nem vale a pena estar a discutir cenários de continuação da Geringonça (e não admira que alguns Esquerdistas salivem perante esta possibilidade, mas são capazes de ficar desapontados)... Também é por isto, penso eu, que Costa não se importa de navegar à vista...
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