quinta-feira, 31 de maio de 2012

Miguel Relvas e Bruno Nogueira

O resumo que Bruno Nogueira faz dos desmentidos de Miguel Relvas é uma sátira pertinente e certeira:


Não conheço esse senhor de lado nenhum.
Quer dizer, conheço mas nunca troquei mensagens com ele.
Quer dizer troquei mensagens com ele mas nunca nunca me encontrei com ele.
Quer dizer, encontrei-me com ele mas sempre em locais públicos.
Quer dizer, também em locais privados mas a falar de coisas públicas.
...

Está encontrado o sucessor de Alberto João Jardim


Note-se que este perfeito produto da Escola de Cidadania do Funchal já tem no currículo: ter urinado assumido as culpas por um colega que urinou num carro da PSP; defender a independência da Madeira; ser acusado de vandalizar automóveis da oposição. Vai longe.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Não posso deixar de compartilhar o título desta notícia:


Passos elogia “transparência” de Relvas no caso das secretas

Seria cómico se não fosse trágico.

Na descrição do debate a que a notícia alude não posso deixar de destacar o seguinte:

«O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, pegou na deixa do primeiro-ministro para alegar que, perante as circunstâncias que envolvem os arguidos do processo das secretas, “ninguém está seguro”. "A nebulosa é tão grave, porque mistura a pressão sobre a comunicação social com a forma como são utilizados os serviços secretos", criticou Louçã.
Apesar de o primeiro-ministro ter assegurado que a “preocupante” situação teve “uma resposta pronta do Governo” e teve “por parte do conselho de fiscalização uma ação muito apertada”»

Eu não posso deixar de destacar esta parte, porque este blogue denunciou na altura (quanto poucos davam atenção ao caso) qual foi a "resposta pronta" do Governo:

«Mas é uma péssima notícia que sejam «exonerados» os funcionários que no Verão passado denunciaram à comunicação social alguns dos crimes comuns cometidos pelos colegas. Na minha opinião, funcionário de serviço do Estado que denuncia crimes cumpre o seu dever perante a lei e a República. Parece que Passos Coelho entende, pelo contrário, que funcionário do Estado que comete ou encobre crimes merece recompensa. Mantém-se portanto a lógica de quadrilha de criminosos em que funcionam o SIS e o SIED»

Revista de blogues (30/5/2012)

  • «Considerem-se três notícias recentes:
    Um tribunal ordenou que o movimento Precários Inflexíveis apagasse, no seu blogue, comentários que denunciavam práticas ilegais de recrutamento e utilização de mão-de-obra porque a empresa em questão se sentiu “atingida na sua honra”. O tribunal não quis averiguar se os factos relatados por pessoas que diziam ter sido vigarizadas por esta empresa eram reais ou não. Na prática, considerou que a “honra” de uma empresa merecia mais proteção do que as denúncias das vítimas dessa empresa.
    O Tribunal da Relação de Lisboa condenou o advogado Ricardo Sá Fernandes por este ter gravado e denunciado uma tentativa de corrupção e ter colaborado com as autoridades na investigação da mesma, dando assim mais proteção ao corruptor do que à descoberta da verdade. Na prática, a mensagem é: se souber de alguma tentativa de corrupção, não a denuncie nem colabore com as autoridades.
    Para terminar, este fim-de-semana soubemos que um ex-diretor das secretas, agora no setor privado, mandou reunir um dossier sobre um competidor direto dos seus novos patrões, o empresário Francisco Pinto Balsemão, incluindo rumores sobre a sua vida privada. Há nesta notícia um certo “ar de família” com as ameaças de revelar na internet boatos sobre uma jornalista que, segundo este jornal, terão sido feitas pelo ex-ministro Miguel Relvas.

Um santo homem

O padre Robert Sirico veio oportunamente corrigir mais outra perigosa heresia do "socialismo" da "esquerda" americana.  Valha-nos a ICAR nestes momentos difíceis, para nos tirar do caminho da heresia e do erro doutrinal, e nos relembrar as palavras justas de Jesus sobre a maldade dos impostos.

Com um capachinho muito elegante na cabeça grisalha, este santo e sábio homem foi à FOX confessar, num único fôlego,  que é irmão dum actor dos "Sopranos," e que não tem dúvidas que Jesus (e Deus e a Nossa Senhora se calhar também) estão muito tristes no Céu por verem a semente da dúvida grassar na Terra, quando se fala na justiça divina inerente às trickle down economics.

A ICAR está sempre do lado certo: do progresso, da justiça e da paz!  E ainda há quem diga mal!

Ah, os serviços secretos e o seu fedor...

Hoje (ontem), descobriu-se que o diretor do Expresso tinha ficha no SIED. Incluindo «relações afetivas, nomes, idades e escolas frequentadas pelos filhos menores». Parte só podia vir de «fontes fechadas», ou seja, de vigilâncias, violações de privacidade e outros crimes. Tal como o cidadão Ricardo Costa, milhares de outros cidadãos honestos devem ter ficha no SIS ou no SIED (ou nos dois). Incluindo com quem dormiram ou com quem os espiões taradinhos acham que dormiram, a cor dos olhos dos filhos, etc. É tranquilizador? Não. Pior: numa ditadura, ao menos, assume-se que estas coisas se fazem. Em Portugal, em 2012, era suposto não acontecerem.

Entretanto, a Ongoing diz que rejeita a «insinuação de ter utilizado serviços secretos, detetives privados, investigadores ou quaisquer meios ilegais». Que cómico. Será que querem que nos esqueçamos que Silva Carvalho confessou no Parlamento que tinha ido para essa empresa formar uma equipa de «espionagem industrial» (como sabe línguas, chamou-lhe «business intelligence»)? E a propósito do ex-hiper-mega-pide Silva Carvalho: pediu para ser «desvinculado» do segredo de Estado. É uma ameaça de contar os segredinhos sexuais de todos os políticos, a quem vigiou ou o mandaram vigiar, quem torturou ou mandou torturar? Recorde-se que disse aos deputados que «não violou o segredo de Estado», mas não disse que não violou a lei e a Constituição (aliás, fez campanha para alterar esta última).

E até o PSD já começa a entender o monstro que ultrapassa governos...

Um passo à frente outro atrás

Na Arábia Saudita, uma mulher num centro comercial desafia uma brigada dos bons costumes quando abordada por mostrar o cabelo e por pintar as unhas.
Na Ucrânia, as claques mais radicais exibem o seu antissemitismo e o seu racismo com todo o à-vontade, com a complacência das autoridades.
Sinais dos tempos que correm.

 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Javier Krahe: «Como cozinhar o Cristo»

O artista Javier Krahe foi ontem a tribunal, em Espanha, por ter feito o pequeno filme que se vê mais abaixo.
 
 É acusado de «ofensa aos sentimentos religiosos» (ou seja, de blasfémia). Se for condenado, admite exilar-se em França.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

Sondagens e um possível ponto de viragem

Utilizando os dados a que fiz referência neste texto, acrescentei informação relativa às eleições legislativas, bem como o ajuste linear aos valores das sondagens.
O resultado é animador:


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Eu gosto de filmes de zombies...

...e não esqueço a principal lição: um grupo humano que não percebe a tempo que tem entre eles um indivíduo que se deixou morder/contaminar pelos zombies (ou seja, que está a tornar-se num morto-vivo) acaba sempre por ser destruído antes do final do filme.

(Lembrei-me disto a propósito das sábias palavras do «Professor Marcelo».)

Revista de blogues (28/5/2012)

  • «Tudo o que sabíamos dos serviços secretos do Estado português, Jorge Silva Carvalho e a Ongoing chegava e sobrava para uma ação exemplar, em que não ficasse pedra sobre pedra. A informação de que Silva Carvalho e outros ex-agentes do SIED, a trabalhar para Ongoing, recolheram e fazeram divulgar informações sobre a vida privada de Francisco Pinto Balsemão, dono da Imprensa, com quem a empresa empregadora do ex-espião mantém um contencioso (que, para que fique claro, não me diz respeito), já está para lá do que se poderia imaginar. Se tudo o que temos sabido for verdade, ninguém está a salvo. Qualquer um que critique Silva Carvalho ou ponha em causa os interesses da Ongoing pode ver, de um dia para o outro, a sua vida privada devassada. Como em qualquer ditadura, o poder desta gente sustentar-se-á no medo. Tudo isto começa a atingir proporções tão assustadoras que não podemos fechar os olhos. Se a Ongoing e Silva Carvalho fizeram o que se escreve que fizeram, todos os responsáveis por isto têm de acabar atrás das grades. E todos os seus cúmplices políticos têm de ser responsabilizados. Porque com a nossa liberdade não se brinca. Por enquanto, estamos perante uma nebulosa. É tudo demasiado escabroso e reles para parecer verdade. Mas isto não é mais um escândalo. Que se cuidem os que, tendo um envolvimento direto ou indireto nisto, estão só à espera que a coisa passe. Se ainda nos consideramos um Estado de Direito, não pode passar. Confirmando tudo o que se tem escrito, estamos perante gangsters. E a lei tem de saber como lidar com gangsters e com os seus cúmplices.» (Daniel Oliveira)

Os erros da Troika quanto à flexibilidade

«Troika justifica desemprego com falta de flexibilidade salarial» relata-nos o jornal i.

Podemos discutir se as afirmações da Troika são justificadas pela incompetência de seus membros (o que poucos acreditarão), ou pelo facto da agenda mais útil aos interesses que servem ser pouco compatível com o respeito pela verdade.

Aquilo que é claro é a falsidade destas afirmações - a falsidade da justificação dada para o elevado valor do desemprego.
E isto pode ser demonstrado por três vias diferentes:

1) Em Portugal o desemprego total é de 14,9% (ou 20%...), mas este valor altíssimo deve-se principalmente ao desemprego jovem que é de 36,2%. Acontece que o mercado de emprego jovem em Portugal é um dos mais flexíveis da UE. No mercado onde existe menos flexibilidade existe também menos desemprego.

2) O desemprego aumentou significativamente acima das previsões do Governo, segundo alegam membros do próprio, de forma anómala mesmo tendo em conta a retracção da economia. Ora todas as mudanças que o Governo  fez no funcionamento do mercado de trabalho - diminuição das indemnizações por despedimento,  revisão do código laboral, etc. - foram precisamente no sentido de aumentar a flexibilidade, à custa da estabilidade.

3) Empiricamente observa-se uma relação linear entre o crescimento económico e a variação do desemprego, sendo que a legislação laboral no tocante à flexibilidade pode influenciar o declive. Como já referi, o corolário de afirmar que em condições normais (crescimento positivo) o aumento da flexibilidade tende a levar à criação líquida de postos de trabalho (uma hipótese já de si questionável) é que em situações de crise profunda (crescimento negativo) uma maior flexibilidade laboral leva à destruição de mais postos de trabalho.
Assim, a existência de uma elevada rigidez laboral seria uma protecção acrescida para crises como esta, em que se verifica uma contracção abrupta da economia, no sentido da mesma crise provocar uma perda menor de postos de trabalho.
Repetindo-me: não existe momento menos pertinente para aumentar a flexibilidade laboral (fosse isso desejável...) do que aquele que vivemos.

São três vias independentes mas complementares de mostrar não só que as afirmações da troika são falsas, mas que o contrário delas é verdadeiro. Com maior razão se poderia dizer o oposto, que o aumento anómalo do desemprego tem justificação no aumento da flexibilidade; que o excessivo desemprego jovem tem justificação na total ausência de rigidez desse mercado. Mas isso seria menos conveniente para a agenda que à Troika interessa impor.

domingo, 27 de maio de 2012

Revista de blogues (27-05-12)

É CURIOSO que tenha sido Adelino Cunha, o demissionário assessor, a escrever (enquanto jornalista) um perfil de Miguel Relvas que foi publicado na Notícias Magazine em 1 de Maio de 2011, a apenas 36 dias das eleições. Lido hoje, é ainda mais irónico o final desse perfil: “Miguel Relvas apostou na vitória certeira de Fernando Nogueira e Passos Coelho, equivocou-se no apoio a Durão Barroso, do qual ainda hoje guarda um sabor amargo. Quando agora põe os pés em cima da secretária e liga a aparelhagem para ouvir a banda sonora do filme Mamma Mia, Relvas sabe que a sesta será breve, porque o seu amigo há-de entrar pela porta do gabinete na sede do PSD a qualquer instante, ou o telemóvel tocará por um qualquer motivo. Não se importa. Ligou o seu sistema nervoso central a um único objectivo: construir o próximo primeiro-ministro. «O Pedro sabe que estou a fazer tudo para que ele seja primeiro-ministro e também sabe que devo ser a única pessoa no PSD que não quer o lugar dele. A minha carreira política terá o prazo de validade da dele.” (Ponto Media). O perfil completo está aqui.

Ponto de viragem nas sondagens?

Usei os dados simpaticamente disponibilizados no site da Marktest, que agradeço. Mas, apesar da simpatia, continuo a não confiar nos resultados desta empresa, pelo que recorri apenas às sondagens das concorrentes.
Depois, agreguei os partidos da esquerda parlamentar - PS(?), BE e CDU - e os da direita parlamentar - PSD e CDS - mostrando estes resultados em função do número de dias passados desde as últimas eleições legislativas.
Para que os resultados fossem comparáveis, as percentagens referem-se ao total de respostas relativas aos cinco partidos mencionados.
Aqui estão os valores:



Há uma tendência clara, que espero que continue. Estou convencido que representa um abrir de olhos.

sábado, 26 de maio de 2012

A Oeste Nada de Novo

Um ponto da situação excelente.

Ongoing tinha PIDE privada

É o que afirmam os jornais de hoje: que na Ongoing se instalou um grupo de espiões do SIS e do SIED que, entre outras coisitas, escreveram quarenta páginas sobre a vida de Pinto Balsemão, incluindo «dezenas de calúnias e falsidades - algumas das quais de mau gosto e grotescas» (segundo o próprio). Também faziam campanhas de desinformação no Twitter.

Registe-se que Pinto Balsemão é um homem de direita. Aqueles que enfrenta nesta questão são também de direita, mas feitos de outra louça: são fascistas que se dão mal em democracia, como José Eduardo Moniz.

Coisas sérias

Na estação dos commencement addresses, em que os patrões da finança, da política e dos media, e as estrêlas de Hollywood, invadem os campus universitários com as gabarolices idiotas do costume - sou rico porque fiz as escolhas certas e Deus ajudou-me - um pequeno colégio - Hampshire College - convidou um ex-aluno que fez um dos discursos mais divertidos que eu ouvi aqui em 14 anos.

Casa onde não há pão...

O papa mandou prender um criado - Paolo Gabriele - suspeito de passar informação à imprensa sobre a corrupção e as guerras intestinas do Vaticano.  A ICAR tem mais de mil e quinhentos anos e viveu muitos tempos difíceis, mas as últimas décadas parecem anunciar o fim desta organização horrível e responsável por tanto sofrimento e tanta pobreza no mundo.  Especialistas em propaganda, os católicos vão escondendo como podem a crise tremenda que a Igreja está a atravessar, sem padres, sem dinheiro e perseguida por advogados aqui nos EUA, onde a fonte das violações de menores continua a jorrar milhões de dólares em reparações pelos crimes inenarráveis que o clero cometeu e escondeu durante os últimos 25 anos.

Estupidez

Who needs astrology? The wise man gets by on fortune cookies
Edward Abbey

Estou regalado (não encontro outra palavra) a ler o livro delicioso de Avital Ronell "Stupidity". Um livro balsâmico para quem vive na Confederação há 14 anos, isolado entre conservadores.

Os meus amigos portugueses estão-me sempre a lembrar que Portugal está cheio de conservadores - o José Manuel Fernandes, o César das Neves, os membros do blog Insurgente, etc. - mas não percebem que aí os conservadores estão diluídos, que há livrarias e que a cultura e o saber são respeitados (excepto nos corredores do governo).

Aqui é diferente. Impera a estupidez em todas as formas, das mais benignas às mais tóxicas, e não há um referêncial. O livro de Ronell é sobretudo divertido quando descreve a estupidez que é rápida (os pobres são pobres porque fizeram as escolhas erradas, o FDR era comunista, os ateus são todos criminosos em potência porque não têm medo do Inferno, Obama é nigeriano, os muçulmanos são terroristas...), a estupidez que pensa (a dos senadores que vendem o país aos ricos), a estupidez que não consegue estabelecer relações organizadas entre causas e efeitos (a política fiscal e a crise), a estupidez que é aprendida (os africanos são bons nos desportos e maus em matemática)... Ronell apresenta o catálogo completo num inglês inteligente e divertido, culto, sensível e cheio de ironias. Um livro que faz companhia a quem vive no Texas, onde toda a gente vê a FOX.

Os texanos vêem a FOX de manhã e depois metem-se no carro e ouvem os "talk shows" que são ainda mais estúpidos e mais primários e mais infantis e mais rurais e mais odiosos do que a FOX. Esta gente - boa, como a maioria das pessoas em todo o mundo - vive num mundo virtual (criado por quatro ou cinco magnatas dos media: Rupert Murdoch, Mark Mays, etc.) cheio de perigos e de inimigos, e absorve as opiniões fabricadas por "maketers" em "think tanks" financiados por um pequeno grupo de multimilionários, todos fascistas, por necessidade ou vocação. O resultado é esta atitude anti-intelectual radical, que recusa com um ódio supersticioso tudo o que não é imediato, que pensa por slogans, que odeia nomes e rótulos de uma forma pavloviana e que recusa totalmente o debate de ideias. Parte dos meus alunos abandona a sala de aulas regularmente, quando eu falo de Darwin, por exemplo.  E votam todos porque o movimento evangélico está mais bem organizado do que o KGB da antiga URSS.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ministra da Agricultura deveria demitir-se

Não é de ontem nem de hoje, mas o problema tem-se vindo a agravar desde que Soares dos Santos decidiu lançar o seu projeto político (sem ir a votos) espezinhando uma série de leis da república. O dumping que já se praticava a lume brando (e não era só o Pingo Doce a praticá-lo), tomou proporções incontroláveis quando outras cadeias de supermercados seguiram a famosa campanha dos 50% de desconto, isto apesar de estarem em curso investigações por concorrência desleal em inúmeros supermercados da Jerónimo Martins. Já há mais de 100 anos que a experiência, a história e os livros de economia nos ensinam que o dumping destrói a economia e produz desemprego entre produtores (principalmente agricultores) e comércio local.

Hoje foi tornado público que os estragos e as faturas das promoções selvagens do Pingo Doce começaram a chegar aos produtores e aos agricultores. O Pingo Doce começou a pressionar os produtores exigindo um aumento de margem para si, "uma verba que o produtor teria de entregar ao Pingo Doce, uma renegociação de contratos e verbas para reforço de competitividade". Isto são coisas dos filmes do Padrinho. Nas palavras de um dos principais representantes dos produtores nacionais existem "empresas com medo represálias caso não aceitem as condições dos supermercados, nomeadamente com marcas que podem desaparecer das prateleiras" e temem-se já "falências, desemprego, desinvestimento na produção nacional e, eventualmente, um aumento das importações".

A passividade da Ministra da Agricultura (e de não-sei-quantas-pastas) perante as sucessivas campanhas de 50% foi confrangedora. Será que o CDS tem receio de afrontar Soares dos Santos? E porquê? Muito provavelmente, agora é tarde demais para o ministério intervir, para evitar que os estragos se continuem a propagar até aos nossos bolsos, deixando um rasto de desemprego atrás de si entre agricultores, produtores e trabalhadores do comércio local. Como tudo isto é demasiado grave no momento de crise que atravessamos, demita-se senhora Ministra.


Ó Relvas, ó Relvas, demissão à vista...

O adjunto do Ministro adjunto Relvas demitiu-se. Parece que em Setembro, já em pleno escândalo SIED/Ongoing, trocava SMS´s com Silva Carvalho. Também houve telefonemas, inclusivamente de um telefone da Presidência do Conselho de Ministros. Presume-se que será por esta via que Relvas recebeu a ficha do SIED sobre a vida privada da jornalista do Público. (O Público mantém que Relvas ameaçou, em dois telefonemas separados, divulgar na internet com quem vive a jornalista, para além de outras ameaças.)

Já o escrevi e repito: ou assumimos que os jornalistas do Público estão a mentir, ou que Relvas mente. E nem acredito que adultos inventassem uma história destas nem a reacção de Relvas me convence que seja invenção. Portanto, a demissão é o que lhe recomendo.

Outra conclusão que se impõe é que os serviços secretos mantêm fichas sobre a vida privada de muita gente. Não, não são só islamistas e «perigosos» anarco-ciclistas. É mesmo dirigentes da oposição, dos sindicatos, jornalistas e outros. Que esta gente seja paga com dinheiro dos nossos impostos para fazer fichas sobre a nossa vida privada é perverso e nojento. Quem encontrar um elemento do SIED ou do SIS na rua que mude de passeio.

Espectadores da Fox News menos informados do que quem não vê notícias

É o que se conclui da leitura desta notícia, cuja passagem traduzo:

«O estudo, publicado este mês pela PublicMind, um centro de pesquisa da Universidade Fairleigh Dickinson que realiza sondagens, estudos de opinião e outras pesquisas relativas à opinião popular, descobriu que algumas organizações noticiosas têm um «impacto negativo» no conhecimento da actualidade tal que teria sido melhor se não tivessem observado notícias de todo.
O centro chegou a esta conclusão perguntando 1185 americanos ao longo da nação quatro questões sobre actualidades relativas aos EUA e cinco questões relativas a ocorrências internacionais, e sobre a fonte noticiosa - se alguma - onde obtiveram informação na semana anterior.»


Qual a relevância disto? Isto mostra o poder da propaganda. O dinheiro pode ser usado para distorcer a percepção da realidade a tal ponto, que uma das redes noticiosas mais importantes consegue ter um «impacto negativo» quando comparada à ausência de informação.

Os EUA em certos aspectos são uma caricatura do sistema político na Europa. Na Europa é tudo mais subtil, mesmo que por vezes mais perverso. Também é nos EUA que alguma direita portuguesa, muito provinciana, vai beber a sua propaganda (daí os discursos de Passos Coelho quanto à necessidade de empreendedorismo). Na questão do controlo da informação, convém não nos distrairmos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Obviamente

Miguel Relvas não é um ministro qualquer. Acumula pastas de mediação: assuntos parlamentares e autarquias, futebol e comunicação social. Presumivelmente, todos os poderes fácticos do país se pelam pelo seu número de telefone e por uma conversa de corredor com este pequeno Richelieu.

Admito que inicialmente a investigação do “Público” sobre as ligações entre Silva Carvalho e Miguel Relvas me pareceu inócua. Todos recebemos emails não solicitados, e a megalomania do ex-SIED torna crível que se posicionasse para novo chefe de todas as pides. O caso mudou de figura quando eu soube que Relvas pressionou uma jornalista para não publicar: só o faz quem teme. E a situação tornou-se insuportável quando li que Relvas ameaçou “divulgar, na internet, dados da vida privada da jornalista”, aparentemente em dois telefonemas separados. Conclusão: ou os jornalistas do “Público” são mentirosos ou Relvas se comporta como um tiranete da Luanda colonial (ou pós-colonial). Mas juntando que Silva Carvalho armazenava ficheiros com “aspectos da vida privada e orientação sexual” de figuras públicas, acrescenta-se a suspeita de que Relvas se cevou na pocilga dos serviços secretos.

Ter momentos de exasperação com gestos e frases desapropriadas é humano (aconteceu a Manuel Pinho e demitiu-se). Os dias passam e Relvas não esclarece cabalmente o caso. A opção mais digna que lhe resta é a demissão.

(Publicado originalmente no i.)

Tribunal intervém em caixa de comentários de blogue

Deve ser uma estreia mundial: um tribunal mandou «suspender ou ocultar» comentários de um blogue (vá lá, não os mandou apagar todos). Um tribunal da Arábia Saudita? Do Paquistão? Da Bielorrússia? Não. De Portugal.

Tudo por causa de um artigo no blogue dos Precários Inflexíveis que denuncia uma empresa chamada Axes Market/Ambição Internacional. Os comentários limitam-se a confirmar, com dezenas de testemunhos, as práticas da empresa. Resumidamente: «DOZE HORAS POR DIA, 6 DIAS POR SEMANA, recebendo apenas uma comissão de 20 ou 30€ por venda - e, como é óbvio, nem sempre se vendia, principalmente porque nos enviavam para a mesma zona de dois em dois dias. As despesas de deslocação e alimentação eram por nossa conta (...) Até hoje não recebi um cêntimo pelas vendas que fiz». Enfim, uma empresa campeã olímpica na modalidade de capitalismo selvagem.

Fica o PDF do artigo em litígio, incluindo os comentários que geraram o processo judicial. Sentença aqui.

Moralização dos "benefícios" dos alimentos

A rotulagem e a publicidade dos alimentos que pretendem uma série de benefícios para a saúde dos consumidores vão passar a estar mais sujeitas ao escrutínio científico. A União Europeia limita a uma lista de 222 as alegações de benefícios para a saúde e dá 6 meses a todas as empresas para retirar do mercado produtos com informação infundada sobre os seus benefícios para a saúde. Parece que os famosos iogurtes Activia vão ser uma das principais "vítimas" desta moralização.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Quer fugir ao Parlamento, senhor Relvas?

O PSD anunciou que votará contra a audição de Relvas no Parlamento a propósito das pressões à jornalista do Público. O que é mau. Diria mesmo mais: é asfixiante.

Revista de blogues (22/5/2012)


  • «A direita europeia tem passado as duas últimas semanas a chantagear o povo grego e a demonizar o líder do Syriza, Alexis Tsipras; e reafirmando um poder de soberania que manifestamente os gregos não admitem. Desde Merkel até Lagarde, passando pelo inefável José Manuel Barroso, todos parecem querer ter uma palavra a dizer sobre o destino da Grécia.

    Não se pode negar que tenham. O que preferem querer esquecer é que ao destino de Grécia está intimamente unido o futuro do Euro e da União Europeia. Por isso não se percebe a posição de força desta direita que oscila entre a cegueira ideológica e a orgulhosa teimosia. Todos os dias se repetem as ameaças: as medidas de austeridade são para cumprir. Ignorando que foram essas medidas de austeridade que levaram ao descalabro económico da Grécia e, estranhamente, de acordo com as belas cabecinhas pensadoras desta gente, à ascensão dos partidos de protesto nas legislativas. É como se a Europa estivesse a seguir disparada em direcção ao abismo, ignorando todos os sinais alertando para o fim da linha.

Mais ainda sobre Obama

A propósito destes textos, não posso deixar de partilhar esta excelente sátira do The Onion:



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Marketing




Na ilustração lê-se «Precisa de concertar a janela? Ligue: 555-2984».
Uma sátira pertinente. Efectivamente, muito do Marketing serve para destruir valor.
Não necessariamente de forma ilegal, como na sátira apresentada, mas através da manipulação psicológica e emocional. É sabido e assumido que em algumas situações é objectivo do marketing criar necessidades inexistentes, objectivo que corresponde a uma destruição de valor. Participar nesse processo pode ser uma ocupação profissional legal, mas não deixa de ser imoral e vergonhosa.
Não sou da opinião que a lei deveria ser mais restrita por forma a impedir estas situações: são as pessoas que devem aprender como funcionam estas estratégias de manipulação, para que lhes possam resistir com eficácia.

O fedor que vem da pocilga...

  • «O Ministério Público ordenou que fossem apagados os ficheiros armazenados nos telemóveis do ex-diretor do SIED, que incluiam milhares de contactos de figuras públicas e políticas, nomeadamente, aspetos da vida privada e orientação sexual dos visados» (Expresso).
  • «Miguel Relvas ameaçou fazer um blackout noticioso do Governo contra o jornal e divulgar detalhes da vida privada da jornalista (...) de quem tinha recebido nesses dias um conjunto de perguntas relativas a contradições nas declarações que prestara (...) O PÚBLICO perguntou ao ministro Miguel Relvas se apagara as mensagens electrónicas que recebera do antigo director do SIED, Silva Carvalho» (Público).

Mais outro estudo...

Desta vez na Psycological Science, mais outro estudo a demonstrar que as pessoas estúpidas são muito mais preconceituosas, racistas e conservadoras. Não é por acaso que o Partido Republicano é o partido dos mais pobres e menos educados. Avital Ronell definiu estupidez como uma não relação com o conhecimento. Esta não relação explica as superstições, o entusiasmo pela pena de morte, o racismo, o anti-semitismo (que aqui vem combinado com o apoio incondicional ao Likud em Israel!), a homofobia, o ódio aos intelectuais, às cidades e às universidades, o criacionismo e a incompreensão absoluta do que quer dizer cidadania. Os republicanos não querem cumprir leis nem pagar impostos, odeiam o governo e têm a casa cheia de armas, adoram filmes em que energúmenos fazem justiça com as próprias mãos e não querem saber de ninguém. Como se as acções deles não tivessem consequências para o resto do país e do mundo. Cada vez que a Amêrica tem um problema, culpam um país pobre. Obama não é flor que se cheire e os democratas são maioritariamente uns gangsters, corruptos como os políticos corruptos da Rússia ou do México. Mas o Partido Republicano é o partido dos estúpidos, dos idiotas que não percebem nada de nada e a quem só acontecem tragédias: o 11 de Setembro, o fracasso da invasão do Afeganistão, a fuga de Bin Laden para o Paquistão, o fracasso da invasão do Iraque, a crise energética na Califórnia, o colapso do sistema capitalista, a poluição irreversível do planeta, a proliferação do terrorismo internacional, a destruição da classe média e com ela da democracia ocidental, o colapso dos sistemas de saúde, o consumo de drogas desenfreado, que por si só destabiliza o México e a Colômbia há décadas... são tudo desgraças que decorrem de políticas republicanas, aplaudidas pela América rural, a América obesa e evangélica, que "fala línguas" ao domingo. A América histérica e puritana que é contra a venda de alcool ao domingo, mas que consome quantidades bíblicas de coca, heroa, anfetaminas e análgésicos todos os dias. Quanto mais pobres há na América, mais forte é o Partido Republicano e mais longa é a lista quotidiana dos pontapés na lógica, na decência e na civilização.

domingo, 20 de maio de 2012

Inconsistência vergonhosa

O episódio ocorrido entre Miguel Relvas e Maria José Oliveira («Miguel Relvas ameaçou (...) divulgar detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira») seria motivo para muita indignação, a qual deveria culminar na demissão do ministro. Isto parece-me evidente.

Só que eu não me consigo indignar com a actuação de Miguel Relvas, porque a indignação não é um processo exclusivamente intelectual: joga também com as nossas expectativas. E de Miguel Relvas já espero o pior: esse foi o tiranete que censurou a crónica «Este tempo» na Antena 1... 
Deste Governo, com obrigação de o demitir imediatamente, também não espero muito mais, e a verdade é que minha indignação já atinge o topo da escala - não há forma de aumentar. 

Mas, se este episódio não aumentou a minha indignação com este personagem nem com o Governo, ele denunciou a hipocrisia vergonhosa de todos aqueles que manifestaram o seu apreço à liberdade de expressão quando Sócrates fez muito menos, e agora estão silenciosos. 

As pressões de José Sócrates que tanto incomodaram esta cambada de inconsistentes não correspondiam a nada de ilegal: não existiram alegações de ameaças, explícitas ou implícitas. Nunca me pareceu que o incómodo sentido por tais críticos fosse despropositado ou absurdo, e nenhuma linha escrevi a censurar os seus esforços para dar voz à sua indignação, supostamente motivada por um ataque à liberdade de expressão. 

Mas, evidentemente, não era a defesa da liberdade de expressão aquilo que os motivava. Espanta-me verdadeiramente a falta de pudor com que ignoram ataques inequívocos, de gravidade incomparável. Esta gente não tem valores?

Extremista, violento, infantil, irracional

Num texto recente no qual fiz um balanço (muito crítico) da presidência de Obama, também escrevi: «efectivamente os congressistas republicanos estão dispostos a tudo para prejudicar Obama. O seu discurso é extremista, violento, infantil, irracional.».

Em resposta a estas palavras, o leitor Octávio dos Santos escreveu um comentário pedindo-me exemplos. O problema deste pedido é que os exemplos são tantos, que qualquer selecção da minha parte não faz justiça a toda a dimensão do problema em causa. Ainda assim, com algum esforço é possível dar alguns exemplos mais relevantes, e é isso que tenciono fazer neste texto:


sábado, 19 de maio de 2012

Flexibilidade causa desemprego?

«Portugal tem um dos mercados de emprego mais flexíveis da UE» é o título provocador de uma notícia publicada no jornal i, e é bom pretexto para falar sobre a flexibilização laboral.

É comum a alegação de que o mercado de emprego em Portugal é excessivamente rígido, e de que isso dificultaria a criação de postos de trabalho. Claro que essa alegação, por si, vem geralmente acompanhada de uma perspectiva política que justifica as críticas do criador do conceito de flexisegurança: «Poul Rasmussen, o antigo primeiro-ministro dinamarquês que adotou primeiro as políticas laborais da flexisegurança, disse em entrevista à agência Lusa que este mecanismo falhou porque os governos conservadores europeus manipularam o conceito para prejudicar os trabalhadores.», declarando também que «Portugal ainda não está preparado para a implementação da flexigurança».

Vamos não obstante esquecer estas críticas, e imaginar que efectivamente uma maior flexibilidade laboral permite a criação de mais postos de trabalho em condições económicas «normais» (de crescimento positivo). Visto que empiricamente se observa uma relação linear entre o crescimento real do PIB e a criação de postos de trabalho, o corolário da alegação exposta é que em situações de crise profunda (crescimento negativo) uma maior flexibilidade laboral leva a uma destruição de mais postos de trabalho. Assim, não existe momento menos pertinente para aumentar a flexibilidade laboral (fosse isso desejável...) do que aquele que vivemos. Pelo contrário: nesta conjuntura essa flexibilização agrava o problema do desemprego - que teria alegadamente ultrapassado todas as expectativas do Governo - e implica um agravamento do problema das contas públicas, não só pela receita fiscal que se perde, mas pelas despesas acrescidas com o pagamento dos subsídios de desemprego e outros.

Não deixa de ser curioso que em Portugal possamos observar dois regimes de rigidez laboral completamente diferentes, o que nos leva de novo para a notícia inicial: «O mercado de trabalho em Portugal, normalmente retratado como demasiado “rígido” e protector do emprego, é afinal um dos mais dinâmicos da Europa, conclui uma nova análise publicada ontem pelo Banco de Portugal. A dinâmica não é, contudo, transversal. Num país em que há praticamente dois mercados de trabalho – o dos contratados sem termo e o cada vez maior mercado dos contratados a prazo –, a flexibilidade está concentrada nos vínculos mais precários.»

E como é que estes dois regimes se comparam? Sabemos que o desemprego jovem é muito superior ao desemprego total, o qual tem batido recordes.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

SIS colhe informações sobre a vida privada de jornalista, entrega a Relvas?

Já escrevi que pouco me interessa se Relvas apaga SMS´s ou mete um filtro para não receber as preciosas «informaçõezinhas» do ex-hiper-mega-pide Silva Carvalho. O caso muda de figura quando apreendo que «Miguel Relvas ameaçou (...) divulgar detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira». A ser assim, Relvas demonstrou ser um tiranete rasca. Resulta também, muito provavelmente, que o SIS recolhe detalhes da vida privada dos jornalistas que escrevem sobre a espionice, mais uma perversão para o catálogo de crimes e indignidades com que esses «funcionários públicos» ganham a triste e nojenta vida que levam.

A piada de Trichet

Não é piada de dia 1 de Abril, mas espero bem que seja um sentido de humor muito bizarro aquilo que explica esta notícia do Jornal de Negócios: «Trichet defende que a Europa possa governar um estado-membro em casos excepcionais».
Senão, mesmo estas declarações aparentemente inconsequentes são perigosas.

Impostos e Emprego - Uma TED silenciada

A Time Business relata assim a recente polémica (tradução minha):

«O seu slogan é "ideias que vale a pena espalhar". Mas a malta da TED - a instituição sem fins lucrativos Technology Entertainment and Design por trás das palestras TED, adoradas por geeks e outros interessados em ideias novas - certamente pensa que algumas ideias não devem ser espalhadas. Pelo menos quando as ideias em causa desafiam a sabedoria convencional de que empreendedores ricos são os «criadores de emprego» número um.

No passado Março, o empreendedor e investidos milionário no ramo das tecnologias Nick Hanauer - um dos primeiros a apostar na Amazon.com - deu uma palestra numa conferência TED na qual, entre outras coisas, sugeriu que os consumidores de classe média, por oposição os ricos, são os verdadeiros «criadores de emprego», e que por essa razão os ricos deveriam pagar mais impostos. Apesar dos aplausos de quem assistiu à conferência na altura, o curador das Palestras TED Chris Anderson decidiu não partilhar esta palestra com o mundo e recusou-se a coloca-la no website da TED.

A sua explicação? A Palestra era muito «política» para ser colocada num ano de eleições, e que «muitos gestores de negócios e empreendedores se sentiram insultados» por alguns dos argumentos de Hanauer. Isto parece pouco sincero, visto que geralmente a TED não se afasta de ideias controversas, e algumas vezes é tão «política» que convida políticos profissionais para falar nas suas conferências.»

E qual o vídeo que originou tanta polémica? Este:



Enfim, nada de muito novo para mim, e já vi a mesma ideia ainda melhor fundamentada. Mas é um esforço meritório no sentido de dar resposta a vários mitos urbanos que por aí pululam.

Mais sobre o Manifesto para uma Esquerda Livre

Alguns vídeos da apresentação pública do manifesto:







O segundo vídeo faz uma pertinente alusão ao tipo de valores pelos quais os mais privilegiados se têm batido.

O projeto político do Continente

«"Na Sonae trabalha-se mais do que oito horas por dia, não há lugar para mandriões" disse Paulo Azevedo a um grupo de 60 estudantes que hoje participaram na iniciativa "Dia Contacto" da Sonae. (...) Do inquérito feito aos jovens que participaram na iniciativa uma das questões que apontavam como mais valia era a estabilidade. Paulo Azevedo aconselhou-os a "darem menos valor à estabilidade".» É caso para dizer: hoje a Sonae, amanhã o país.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

E agora?

A apresentação do Manifesto para uma esquerda livre foi hoje.



Com maior afluência do que aquela que era esperada pelos autores do manifesto, estes foram inclusivamente forçados a alterar o local para os próximos encontros, devido ao facto desta esta iniciativa ter sido recebida com mais entusiasmo do que aquele que previam. O que é óptimo sinal.

Uma iniciativa deste tipo já vinha fazendo falta. Como foi dito na apresentação - e eu concordo em absoluto - estamos a viver momentos históricos, e podem nos próximos anos ocorrer transformações sociais radicais: a esquerda tem mesmo de estar à altura do desafio.

Oxalá que o desenvolver deste processo esteja à altura das expectativas que nele deposito.

O projeto político do Pingo Doce (3)

Este projeto, de que tenho vindo aqui a falar, teve mais um momento de propaganda no último Prós e Contras. A apresentadora teve o cuidado de referir que convidou fornecedores do Pingo Doce para estarem presentes, mas nenhum aceitou participar no debate. E é óbvio que recusaram: achar que os fornecedores, nas presentes condições, podem estar de igual para igual com as grandes superfícies, sendo que são estas que ditam as regras do jogo, é desconhecer a situação do setor. Mas se não podiam lá estar os fornecedores, tal não implicaria que não pudesse ir alguém que confrontasse o setor da distribuição com as suas práticas e não fizesse o seu jogo. O que aconteceu foi que, mais uma vez, tivemos um representante do Grupo Jerónimo Martins a fazer tempo de antena na televisão pública, sem haver quem fizesse o respetivo contraditório.

Deputados do CDS esclarecem: não defendem o 5 de Outubro

Revista de blogues (17/5/2012)

  • «O mais curioso para quem sofra de alguma ingenuidade política é que entretanto, e apesar de tão amplo naquilo que proclama, o Manifesto ter começado já, principalmente em alguns blogues e nas redes sociais, a ser alvo de ataque e detração. Porque é fulano ou beltrana que «estão por trás» (em alguns dos casos nem é verdade, e além disso cada um pensa por si), porque é «muito verde e fresco» e o logótipo não comporta os símbolos tradicionais do trabalho, porque é coisa de intelectuais desligados das massas, porque os seus promotores se propõem «promover um capitalismo que funcione em benefício de todos». São estes os «argumentos» mais simples, em relação aos quais não vale a pena qualquer trabalho de refutação. Mas existem objetivos expressos que levantam possibilidades insuportáveis e contranatura para alguma esquerda. Mesmo quando esta proclama, em decisões políticas, a necessidade de unir, de incorporar independentes, de agregar «democratas sem partido». Porque propor a construção de uma esquerda plural, «liberta das suas rivalidades, do sectarismo e do feudalismo político que a paralisa» impõe contornar aqueles que os alimentam constantemente. Porque falar de «uma democracia mais representativa e mais participada» sugere a necessidade de ver a política para além das dinâmicas eleitorais e da luta de rua, embora em conjugação com elas. Porque falar de «uma Europa apoiada na solidariedade e na coesão dos países que a formam» torna necessária a superação das estratégias isolacionistas e nacionalistas que têm paralisado. Porque propor um «alto nível de desenvolvimento económico, social e ambiental» contesta a velha política da terra queimada. E principalmente porque este Manifesto exclui a possibilidade de uma corrente hegemónica ditar às outras – na teoria ou na prática – o caminho a seguir. Abre o campo, em vez de cavar trincheiras.
  • Estas reações estão afinal na natureza das coisas e é precisamente por elas existirem e se mostrarem à primeira oportunidade que este «Manifesto para uma Esquerda mais livre», aberto à participação e em desenvolvimento, faz todo o sentido e parece ter boas razões para meter os pés ao caminho.» (Rui Bebiano)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Resquícios medievais

Até ao século xviii, o Estado servia para recrutar soldados, administrar justiça, controlar a populaça e pouco mais (como, e desde sempre, cobrar impostos). Os assuntos do Estado eram do rei e seus serventuários, necessariamente impunes porque a lei não se lhes aplicava e se necessário refugiavam-se nos seus castelos.

Nos últimos 200 anos os melhores lutaram para que tudo fosse diferente. Para que o Estado pudesse cuidar de quem mais ninguém cuida desinteressadamente, para que retirasse a totalidade (ou pelo menos a generalidade) da população da miséria e da necessidade, da ignorância e das tutelas sociais.

Dos Estados modernos espera-se muito, por vezes até de mais (como acreditar que podem controlar o clima ou dar-nos emprego a todos). Mas as funções medievais do Estado, essas são hoje anacrónicas. As guerras passaram de moda e o serviço militar obrigatório acabou. Vigiar os cidadãos, ao contrário do que acontecia no tempo das inquisições, já não é tarefa nobre e sim violação dos direitos fundamentais e da lei.

Todavia, estão connosco resquícios dos tempos medievais. Numas forças armadas com gastos desproporcionados à paz que veio para ficar. Na sobrevivência de serviços secretos opacos e impunes. Na parasitagem do Estado por interesses particulares. Nos novos castelos que são os condomínios fechados. O progresso civilizacional ainda não acabou.

(Publicado originalmente no i.).

Sintomas da crise no sector da distribuição

Quem fez uma leitura exclusivamente política da promoção de 1º de Maio do Pingo Doce deveria explicar porque continuam as promoções nesse grupo económico e porque há outros a responder.

Primavera Global - balanço


O balanço que fiz ao fim de dois dias mantém-se.
Agora é ver o que o futuro aguarda.

Manifesto para uma esquerda livre

Esta é uma iniciativa política de pessoas livres, unidas pelos ideais da esquerda e pela prática democrática. Aberta a todos os cidadãos, com ou sem partido. Acreditamos que apenas a expressão de uma forte vontade cívica, por parte de cada um de nós, poderá dar a resposta adequada aos problemas do nosso tempo.

Portugal afunda-se, a Europa divide-se e a Esquerda assiste, atónita.
As raízes desta crise estão no desprezo do que é público, no desperdício de recursos, no desfazer do contrato social, na desregulação dos mercados, na desorientação dos governos, na desunião europeia e na degradação da democracia.
Em Portugal e na Europa, a direita domina os governos, as instituições e boa parte do debate público. A direita concerta-se com facilidade, tem uma agenda ideológica e um programa para aplicar. A direita proclama que o estado social morreu e que os direitos, a que chamam adquiridos, são para abater.
Em Portugal e na Europa, a esquerda está dividida entre a moleza e a inconsequência. Esta esquerda, às vezes tão inflexível entre si, acaba por deixar aberto o caminho à ofensiva reacionária em que agora vivemos, e à qual resistimos como podemos. Resistir, contudo, não basta.
É necessário reconstruir uma República Portuguesa digna da palavra República e construir uma União Europeia digna da palavra União.
É preciso propor aos portugueses, como aos outros europeus, um horizonte mais humano de desenvolvimento, um novo caminho para a economia e um novo pacto de justiça social.
É possível fazê-lo. Uma esquerda corajosa deve apresentar alternativas concretas e decisivas para romper com a austeridade e sair da crise, debatidas de forma aberta e em plataformas inovadoras.
A democracia pode vencer a crise. Mas a democracia precisa de nós.
Apelamos a todos aqueles e aquelas que se cansaram de esperar – que não esperem mais.
É a nós todos que cabe construir:
UMA ESQUERDA MAIS LIVRE, com práticas democráticas efetivas, sem dogmas nem cedências sistemáticas à direita, liberta das suas rivalidades, do sectarismo e do feudalismo político que a paralisa. Uma esquerda de cidadãos dispostos a trabalhar em conjunto para que o país recupere a esperança de viver numa sociedade próspera e solidária.
UM PORTUGAL MAIS IGUAL, socialmente mais justo, que respeite o direito ao trabalho condigno e combata as injustiças e desigualdades que o tornam insustentável. Um país decidido a superar a crise com uma estratégia de desenvolvimento económico e social, com uma economia que respeite as pessoas e o ambiente, numa democracia mais representativa e mais participada, com um Estado liberto dos interesses particulares que o parasitam.
UMA EUROPA MAIS FRATERNA, à altura dos ideais que a fundaram, transformada pelos seus cidadãos numa verdadeira democracia. Uma Europa apoiada na solidariedade e na coesão dos países que a formam. Uma Europa que ambicione um alto nível de desenvolvimento económico, social e ambiental. Uma União que faça do pleno emprego um objetivo central da sua política económica, que dê um presente digno aos seus cidadãos e um futuro promissor às suas gerações jovens.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A cortina, o fumo e o fogo

Os últimos episódios da «novela» das secretas são bastante ridículos. É irrelevante se Miguel Relvas recebeu ou não emails e até SMS´s de Silva Carvalho. Qualquer um de nós recebe emails não solicitados (chama-se «spam»). Na semana após o PSD ter ganho as eleições, Relvas deve ter recebido 500 CV´s acompanhados de votos de parabéns, sugestões, ideias brilhantes e pedidos de emprego. Diferente seria se se provasse que Miguel Relvas pediu informação classificada a Silva Carvalho, ou um plano de reestruturação das secretas.

Posto isto, é mera chincana política o Parlamento ter chamado Relvas. Note-se que é o mesmo Parlamento que, quase sem pestanejar, elegeu há seis meses (por dois terços) um «fiscalizador» das secretas que declarara «aceitar» a realização de escutas telefónicas em violação da Constituição. Eleger um fiscalizador que não fiscaliza foi rotina sonolenta. Chamar um ministro dá notícias e faz ferver o sangue. Mas é apenas uma cortina que tapa o fumo e o fogo.

Há largos anos que o SIS e o SIED fazem campanha pública pela alteração da Constituição. Já disseram explicitamente que querem violar a nossa privacidade, escutar as nossas conversas telefónicas, seguir-nos por GPS e etc. O fumo estava lá e ninguém dizia nada. Houve até um ministro de Sócrates, Alberto Costa de seu nome, que chegou a apoiá-los sem que a oposição da época reagisse. E eis senão quando nos últimos meses se provou abundantemente que o SIED e o SIS fazem escutas e outras vigilâncias na ilegalidade. E não é só aos dois islamistas do Laranjeiro. É a grupos económicos e até a inimigos pessoais. É este fogo que a opinião pública não pode agora negar que existe e que há que extinguir.

Pois alguém acredita mesmo que um personagem como Silva Carvalho ter chegado a Director do SIED foi um acaso? Que todas as outras chefias e funcionários do SIS e do SIED são gente impoluta? É que o Ministério Público pode vir a investigar mais duas chefias do SIED, para já. E alguém acredita que depois de anos liderados por quem usou o cargo para fins pessoais, exigindo dos subordinados o cometimento de crimes, as gentes do SIS e do SIED tiveram um rebate de consciência e vão porfiar no caminho da virtude e da dignidade cívica? Seria muita ingenuidade. Só quem não compreende o papel das instituições na estruturação das mentalidades e dos hábitos é que acreditaria numa regeneração. A única solução limpa é acabar com o SIS e o SIED. Cortar o mal pela raiz. Até porque ninguém consegue explicar que género de serviço público aquela porcaria poderia alguma vez realizar...

Parecer da EAPN sobre desigualdade - Portugal e o resto da Europa

Em resposta aos dados do INE respeitantes a 2010, a EAPN emitiu um parecer em que não fala apenas nos dados relativos a esse ano, mas também da evolução desde então - em particular no impacto das medidas de austeridade implementadas sobre as diferentes classes sociais.
Vale a pena citar parte:

«O rendimento monetário líquido equivalente dos 10% da população com maiores recursos correspondia a 9.2 vezes o rendimento dos 10% da população com mais baixos recursos. A questão da desigualdade na distribuição do rendimento continua a ser um dos problemas mais graves que Portugal enfrenta e permanece elevado desde 2005. A atual conjuntura económica e as medidas de austeridade em vigor durante o ano de 2011 e 2012 terão consequências sobre a taxa de risco de pobreza e sobre as desigualdades sociais. Segundo o relatório disponibilizado pela Comissão Europeia e que compara a distribuição dos efeitos das medidas de austeridade em seis países na União Europeia, as medidas de austeridade tomadas pelo Governo português, para além de estarem distribuídas de forma desigual entre ricos e pobres, fizeram subir o risco de pobreza, particularmente entre pessoas idosas e jovens.
O relatório de Bruxelas revela que Portugal "é o único país com uma distribuição claramente regressiva", ou seja, em que os pobres estão a pagar mais do que os ricos quando se aplica a austeridade. Exemplo disso é o rendimento disponível das famílias. Nos escalões mais pobres, o orçamento de uma família com crianças sofreu um corte de 9%, enquanto que uma família rica nas mesmas condições perdeu 3% do rendimento disponível.
Os dados mostram que Portugal é o único país analisado em que "a percentagem do corte [devido às medidas de austeridade] é maior nos dois escalões mais pobres da sociedade do que nos restantes". A Grécia, que tem também tido repetidos pacotes de austeridade, apresenta uma maior equidade nos sacrifícios implementados.
Dos 3% do rendimento disponível que as medidas de austeridade vieram retirar aos portugueses, a maior percentagem é suportada por reformados e por pensionistas, seguindo-se o aumento dos impostos, que é suportado essencialmente pela classe média, e os cortes nos salários e subsídios dos funcionários públicos respondem pelo resto.»

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ainda sobre Pedro Passos Coelho e o desemprego

muitos fizeram a associação entre as recentes palavras do primeiro-ministro e o início do excelente filme up in the air. Mas não deixa de ser interessante perder dois minutos para rever a cena em causa:



As repúblicas das televisões

Há cerca de dois anos escrevi isto sobre os abusos televisivos de Eduardo Moniz. A revelação de que os nossos serviços secretos andaram a trabalhar para a TVI e para o programa político debitado e definido pelo alinhamento noticioso, só reforçam aquilo que escrevi. A televisão é uma forma de poder e ombreia quer com o poder político quer com o poder judicial. Se não assumirmos isto, a nossa democracia será sempre coxa.

Mais sobre a Primavera Global

Há dias escrevi: «Se desde dia 12 até dia 15 ocorrerem debates, actividades culturais, uma reflexão conjunta de vários movimentos sociais com naturezas e objectivos muito distintos, que possa abranger pessoas distantes do activismo e envolvê-las na necessidade de participar politicamente, esta iniciativa será um sucesso.
Espero que seja uma iniciativa pacífica, e uma mera semente, que possa germinar numa participação política de mais e mais pessoas, cada vez mais consistente e consequente.»


Esta expectativa cumpriu-se? Em relação aos dois primeiros dias posso dizer que nim.

Sim, porque «ocorrerem debates, actividades culturais, uma reflexão conjunta de vários movimentos sociais com naturezas e objectivos muito distintos», porque o ambiente foi sempre pacífico e tranquilo, porque os participantes mantiveram um clima de boa disposição e cooperação suficiente para manter as infra-estruturas, uma boa ocupação do espaço, uma estadia agradável.

Não, porque a iniciativa não ganhou (ainda?) dimensão suficiente para atrair pessoas que desconhecessem os promotores, numa dinâmica de crescimento impossível de ser ignorado. Pelo contrário: apesar de toda a vida que aquele espaço ganhou, poucos souberam destas actividades, e menos ainda foram por elas atraídos ao activismo. Existiu um grande esforço de divulgação, mas parece ter sido insuficiente.

Curiosamente, a actividade chegou em força aos jornais por causa do episódio das vaias a Passos Coelho. Tem o seu lado irónico que, estando eu no Parque Eduardo VII, tivesse sido informado sobre o que tinha acontecido a esse respeito por alguém de fora. Tratou-se de um gesto espontâneo de alguns dos participantes, sendo que a maioria continuou a participar nas actividades programadas para esse dia.
Há formas mais edificantes de travar o debate político, mas perante tanto autoritarismo, corrupção e hipocrisia é difícil não nos envolvermos emocionalmente. Dei por mim a aplaudir o rapaz que fez o relato das vaias.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Passos Coelho e o desemprego: ignorância ou mentira deliberada?

Através do Jornal de Negócios fico a conhecer estas declarações de Pedro Passos Coelho:

«O primeiro-ministro sustentou que em Portugal “a cultura média é a da adversão ao risco” e que “a generalidade dos nossos jovens licenciados, que têm hoje um nível de qualificações muitíssimo mais elevado do que alguma vez aconteceu na história portuguesa, preferem ser trabalhadores por conta de outrem do que serem empreendedores”. Algo que na visão de Passos Coelho “tem de ser alterado”.»

Não sei se é por ignorância que Passos Coelho repete este disparate comum, mas já neste blogue mostrei como os factos desmentem (e de que maneira!) as afirmações de Passos Coelho a respeito da vontade dos portugueses trabalharem por conta de outrem.
A seguinte tabela mostra os dados da OCDE relativos à taxa de trabalhadores por conta própria:


Auto-
emprego
Australia 12,6
Austria 11,8
Belgium 13,6
Canada 9,2
Czech Republic 15,3
Denmark 7,8
Finland 12
France 8,9
Germany 11,2
Greece 30,1
Hungary 13,3
Iceland 14,1
Ireland 16,6
Italy 24,9
Japan 10,2
Korea 27
Luxembourg 6,5
Mexico 28,5
Netherlands 11,1
New Zealand 17,8
Norway 7,1
Poland 20,4
Portugal 23,5
Slovak Republic 12,6
Spain 16,5
Sweden 9,6
Switzerland 9,3
Turkey 29,1
United Kingdom 12,7
United States 7,3

Repito os comentários da altura:

«E não é que Portugal é o quarto país da OCDE com mais «empreendedores», apenas ultrapassado pelo México, pela Turquia e pela Grécia? Sim, leram bem: a Grécia é o único país da UE com mais empreendedores que nós.
E os Estados Unidos da América, símbolo de uma nação rica que dá lições à Europa no que diz respeito à promoção do empreendedorismo, são o terceiro país da OCDE com menos empreendedores. Têm uma taxa de trabalhadores por conta própria cerca de três vezes menor que a portuguesa.»

Portanto, em Portugal - onde trabalham por conta própria o triplo das pessoas que nos EUA, e é dos países da OCDE onde existe mais trabalho por conta própria - Pedro Passos Coelho queixa-se de que os portugueses só querem é trabalhar por conta de outrem. Será ele tão incompetente que ignora os factos básicos, e delineia as políticas que o seu Governo vai seguir sem o mínimo conhecimento da realidade? Ou não tem qualquer pudor em mentir deliberadamente?

O meu receio é que ambas as hipóteses sejam verdadeiras...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Outros projetos políticos


Imagens retiradas da página oficial do ACP

O do Automóvel Clube de Portugal, na pessoa do seu presidente. (Leitura complementar aqui.)