- «Na noite de 24 de Dezembro, a seguir ao telejornal da RTP1, surgiu no ecrã um dístico: "Mensagem de Natal de sua eminência reverendíssima o cardeal-patriarca de Lisboa." Seguiu-se um monólogo de 8,38 minutos no qual o dito falou sobre "o direito de ser ateu" como novidade desagradável e saudou os crentes das religiões "de deus único" apelando à sua união: "Juntos havemos de contribuir para que Deus não seja excluído do nosso mundo e da nossa história." (...) Vou repetir: na noite de 24 a RTP passou propaganda religiosa com a dignidade de uma comunicação de alta figura do Estado. É legal? Legítimo? Aceitável? Através da direcção de programas, a RTP responde: "Ilegal não é." "Será discutível", reconhece, mas sublinha: "É costume - a maioria dos portugueses são católicos, portanto." Vejamos: a presidente do PSD fez uma mensagem vídeo de Natal. Passou onde? Nos telejornais, como notícia. Se o presidente do Benfica, que tem uns milhões de adeptos, quiser fazer uma mensagem antes de um derby, a RTP deixa? E o líder da comunidade muçulmana, pode "falar ao país"? Pois. (...) Não querendo expulsar deuses de lado algum - como expulsar o que me não existe? - , impedir seja quem for de crer no que lhe aprouver ou, como já vi escrito (o ridículo não conhece limite), "abolir o Natal", exijo dispensa de que me tentem converter ou insultar através dos meios de comunicação social do Estado. Chega de pagode: quero o país que a Constituição me garante, laico e sem eminências. Esperei 34 anos. Já pode ser? » (Fernanda Câncio no DN)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Ricardo Alves, você já ouviu explicação de algum crente sobre o que significa exatamente ser onipresente? Vou lhe explicar o que estou perguntando.
ResponderEliminarEstou sentado no sofá de casa. Mais à frente, há uma estante, uma televisão, alguns DVD's. Se eu dissesse que abarco toda a sala com o meu olhar, isso seria fácil de entender. Ninguém contestaria. Mas imagine se eu dissesse estar em toda parte. Neste caso, eu estaria dentro de cada átomo que compõe a estante, a televisão, os DVD's, sem excluir um só. Se eu não estivesse em todos eles, não mereceria ter o título de onipresente. Existe ainda um espaço que separa o sofá da estante. Mas, sendo onipresente, eu estaria até mesmo imerso nele.
Se sou onipresente, como posso me distinguir dos objetos a minha volta? Como posso saber que eu sou um, e eles outro? Eles não deveriam ser uma extensão do meu próprio corpo?
Ricardo Dabo, a propósito, senti pena de você por ter que discutir a questão da ressurreição com o Alfredo. Eu desisti antes.
Anónimo,
ResponderEliminara omnipresença é realmente um trabalhão. Mas acho que a religião joga muito com a sensação «alguém a olhar por cima do nosso ombro». ;)