segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Caiu a primeira peça do dominó português

  • «Em conferência de imprensa após a reunião extraordinária do Conselho de Ministros de domingo, o ministro das Finanças anunciou que vai propor ao Parlamento a nacionalização do Banco Português de Negócios, que acumulou perdas no valor de 700 milhões de euros.» (Público)
Na-cio-na-li-zar. Pois. Sócrates não é Vasco Gonçalves. Nem sequer Mário Soares. Esta «nacionalização» vai custar dinheiro ao contribuinte. E safar quem?
  • «O Banco de Portugal identificou operações de "centenas de milhões de euros [no Banco Português de Negócios] que eram clandestinas", não estavam contabilizadas nas contas do banco, revelou hoje Vítor Constâncio, em conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças. Constâncio recusou-se a nomear responsáveis por essas operações, que levaram à situação de pré-falência da instituição, mas excluiu qualquer responsabilidade da actual e anterior administrações, lideradas por Miguel Cadilhe e Karim Vakil, respectivamente.» (Público)
Hm. Cadilhe e Vakil. ICAR e Islão. BCP e a banca wahabita. Bem me parecia que a moeda não tem religião.
  • «À nova administração foi exigida a realização de uma auditoria externa, cujas primeiras conclusões já foram enviadas à Procuradoria-Geral da República, disse. No total, estão abertos seis processos de contra-ordenação ao BPN e aqueles que evidenciam potenciais ilicitudes já foram denunciados à PGR, confirmou o governador.» (idem)
Isto está a ficar interessante...

6 comentários:

  1. Neoliberalismo ???!!???

    Num regime onde não se percebe onde acaba o Estado e começa o mercado, onde acaba a regulação e começa a falcatrua ?

    Acho que se trata de uma mistura original com muito de "neo" e pouco de "liberalismo".

    Parece-se mais com uma guerra de gangs...

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  2. Claro que, perante a situação do BPN o Estado não pode deixar que o banco vá à falência, nem pode (o que seria anticonstitucional) confiscar as acções do banco sem indemnizar os accionistas, segundo o mísero valor actual do banco. O que não significa desresponsabilizar a administração do BPN, que é no mínimo altamente suspeita (de ser criminosa), talvez desde a sua concepção.

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  3. Caro Penim Redondo,
    acho que a lição a retirar das últimas semanas é justamente que o neoliberalismo, ao contrário do que diz a propaganda, não pode viver sem a rede de segurança estatal.

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  4. Caro Ricardo Alves,

    é verdade que "o neoliberalismo não pode viver sem a rede de segurança estatal" mas também é verdade que o Estado, pelo menos na sua forma actual, não constitui alternativa mas sim componente do neoliberalismo.

    P.S. Não gosto do termo neoliberalismo pois induz, sem demonstrar, a ideia de que há, ou podia haver, um outro capitalismo na nossa época.

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  5. ...mas acontece que podia haver outro capitalismo na nossa época:

    O Estado concorrer com os privados (dando lucros), nos sectores em que estes estejam a prejudicar o público com margens de lucro exageradas, ou nos casos em que o Estado os possa substituir com mais competitividade.

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  6. Ó anónimo das 1:05:00 AM,

    E que tal, "onde ninguém investe porque não dá lucro mas é mesmo necessário"?
    Sei lá, em serviços de saúde e educação no interior, por exemplo...

    Não tem nada a ver com capitalismo. Mas é para essas coisas que o Estado tem razão de existir: não é para sustentar privados nem concorrer com eles.

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