sexta-feira, 13 de junho de 2008

Lisboa morreu, viva a Irlanda

A derrota do «Tratado de Lisboa» no único Estado em que se realizou um referendo é uma vitória para a democracia e um fracasso para o método em vigor na «construção europeia», que se baseia nos acordos de bastidores entre os quatro ou cinco líderes dos Estados do Directório. A principal lição a retirar é que a União Europeia não pode continuar a ser feita à porta fechada e de costas para os cidadãos.

É o momento de repensar a União Europeia a partir das fundações que podem ser comuns na Europa actual: a democracia, a laicidade e a defesa do modelo social europeu. O «Tratado de Lisboa» não o fazia, ao manter um Parlamento Europeu que não pode iniciar legislação, ao implementar o «diálogo» institucional obrigatório com as confissões religiosas, e ao nivelar por baixo as garantias laborais.

Como diz o Ricardo Carvalho, pode ser o momento para convocar uma Assembleia Constituinte Europeia. Ou isso, ou aceitar que a UE pare mais uma década.

11 comentários:

  1. O meu sonho era ver a populaça invadir o parlamento europeu, como no 14 de Julho de 1789, mas enfim, o povo ganhar um referendo já é um começo.

    Já viram a fotografia do Durão Barroso com o amigo George W no blog da e-ko?

    http://e-konoklasta.blogspot.com/

    Tão contentinho.

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  2. A 14 de Julho o que se invadiu foi uma masmorra/fortaleza, a Bastilha. Precisamente em defesa das ideias parlamentares, tão bem redigidas a 26 de Agosto de 1789, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. As guerras napoleónicas tinham em parte a ideia de construir uma Europa republicana, derrubando as monarquias europeias; (o facto de Napoleão ter nomeado reis nada objecta a essa finalidade última).


    Uma curiosidade, o jornal dos evolucionistas ainda existe:

    http://www.republica.pt/

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  3. ...ver a populaça invadir o parlamento europeu. Epá, essa é demais, eu realmente vou tirar este blog dos favoritos...

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  4. :o) Ohohoh! Tire, tire! Que isto de a gente se ver assim contrada com uma piada tão desrespeitosa de uns deputados que deviam comandar tanto respeitinho, até lhe pode fazer mal ao coração!

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  5. O «Parlamento Europeu» não é um verdadeiro parlamento. É uma câmara consultiva. E o problema é mesmo esse.

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  6. ...mas essa questão, a questão do PE não ser um parlamento soberano, é uma realidade bem mais assente sem os elementos que contribuem para o fortalecimento da união, como o Tratado de Lisboa.
    No mesmo sentido, estão a formar-se na Europa alianças diplomáticas determinantes para os futuros estádios no caminho da construção europeia. Prova disso foi a colaboração, com excelentes resultados para Portugal, que a levou à aceitação por parte de todos os executivos europeus. Neste momento, como sabem, Coimbra candidata-se a património mundial, vai receber o Tribunal Europeu, entre outros investimentos. Duvido que isso acontecesse independentemente da condução diplomática da matéria.

    Tenho pena em ser desagradável, mas realmente se o Filipe Castro fosse o único autor deste blog, duvido que alguma vez o tivesse posto nos favoritos; faço-o, apesar desse facto...

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  7. ... é tambem o tipo de 'argumentos' das armas de destruição maciça,maiores desigualdades,o primado dos conselhos de administrçaõ (esses supremos orgãos democraticos) e esse saloismo de que investiam num Tribunal Europeu que não para condenar essa malta do kosovo e dos que acabaram com a Jugoslávia despejando munições com Uranio Empobrecido-superior moral,n'é anónimo?Mas,também andas a mamar?Eu só penso na Revoluçao Socialista da Europa e vê-los de uma vez por todas no lugar onde devem estar os crápulas e assassinos,percebes xico_esperto?

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  8. anónimo das 2:35,
    defender que por causa de Coimbra poder receber o tribunal europeu ou ser capital da cultura é argumento para ser europeísta, é cair na lógica de que a política é uma mera questão de distribuição de benesses. É aceitar retrocessos na democracia porque vai pingar um serviço para a nossa cidade ou obras para o fontanário da nossa aldeia. Isso é o lado clientelar da política no seu pior.

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  9. Sou o anónimo das 2:35.

    1. não percebi nada do que quis dizer o outro anónimo, (mas se escrever as coisas de forma mais clara, respondo, não estou a depreciar)

    2. eu não estava a "defender que por causa de Coimbra poder receber o tribunal europeu ou ser capital da cultura é argumento para ser europeísta". Eu estava a defender que "a questão do PE não ser um parlamento soberano, é uma realidade bem mais assente sem os elementos que contribuem para o fortalecimento da união, como o Tratado de Lisboa."
    2.1 O que quer dizer que eu considero que o TL é um contributo positivo para a ideia que eu defendo de Europa.
    1.2 A referência às atenções dadas a Coimbra foi um exemplo da capacidade de projectar Portugal no todo, que por sua vez surgiu na conversa a propósito da emergência de grupos ou alianças entre os países.

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  10. A decisão dos irlandeses só os devia comprometer a eles, não havendo razão para todos os outros países não acordaram o que bem entendam. Não são raros os casos em que nem todos os países da UE aderem a tratados da maior importância...

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