- «O Papa Bento XVI juntou-se ao crescente grupo dos que criticam a teoria da evolução sem perceber o que é a evolução, a teoria, ou mesmo a ciência (1). Os erros são os do costume. Antropomorfismo («quem é esta ‘natureza’ ou ‘evolução’ como sujeitos?»), confundir selecção natural com acaso, evolução como visando um propósito racional, e até a tal argolada de não poder ser provado porque não se pode fazer em laboratório. Esta merece um comentário. Não testamos uma ponte de três quilómetros num laboratório com rio, vento e tempestades durante trinta anos. A ciência permite extrapolar do estudo detalhado dos materiais a pequena escala o que vai acontecer à ponte mesmo antes de a construir. (...) Mas o que me traz aqui são as «diferentes dimensões da razão», uma ideia que este Papa gosta muito. (...) Não há várias dimensões da razão. Há apenas a necessidade de alguns de arranjar um cantinho onde esconder as suas superstições das evidências que as refutam. E isso não é razão; é precisamente o contrário.» («Dimensões da Razão», no Que Treta!)
- «O pensamento científico não parte deste ou daquele pressuposto para depois aceitar as suas consequências. Isso é o que faz o pensamento religioso: aceita, por exemplo, que um determinado livro tradicional, registo escrito de tradições orais anteriores, emana directamente de Deus — e raciocina a partir daí. Na ciência interroga-se tudo. Na religião aceita-se por fé mitos fundadores — que um homem nasceu de uma virgem, que esse homem depois de morto ressuscitou, no caso do cristianismo — cuja veracidade não pode ser colocada em causa sem se ser considerado blasfemo e contra a ortodoxia. Filosofar e fazer ciência é ser heterodoxo, interrogar e pôr tudo em causa. Dar respostas fechadas, que confortam os crentes, é o que faz a religião. São atitudes muito diferentes.» («Os pressupostos», no De Rerum Natura.)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Um simples comentário a este debate ciência vs. religião, que se vai agudizar muitíssimo nos próximos anos, com as especulações cada vez mais metafísicas da física quântica e afins.
ResponderEliminarÉ que podemos estar a um pequeno passo de compreender... ou admitir!... o que é a consciência "elementar", por assim dizer, para além daquilo que hoje entendemos por essa palavra, no sentido psico-fisiológico mais vasto do termo.
E a verificar-se esse autêntico "salto evolutivo" na moderna ciência, talvez se tenha de reescrever o axioma máximo do materialismo moderno, já que possivelmente há uma certa "consciência" que não é o produto da matéria altamente organizada, mas que será, no mínimo, contemporânea dessa mesma matéria/energia, formado assim uma surpreendente "originalíssima trindade" - matéria, energia, consciência - e dando à própria evolução outra verdade!
Just some food for thought... that my awareness has brought! :)
(And the name of the game is TAO... anyhow! ;))
Caro «leprechaun»,
ResponderEliminarquando é que a «consciência» começou? Com o australopithecus? Com o «primeiro» homo sapiens? Com o neolítico? Com a escrita? Os neanderthal tinham consciência?
Reflicta nestas questões e depois diga qualquer coisa.
Tudo indica que a consciência começou quando Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Não há qualquer outra explicação. O mesmo sucedeu com a linguagem. Esta começou quando Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Não existe qualquer outra explicação.
ResponderEliminarSe na ciência se interroga tudo, não se percebe o nervosismo e a histeria quando alguns criticam a teoria da evolução a partir de um ancestral comum, especialmente considerando que ninguém sabe quem foi ou o que era e como surgiu esse ancestral comum!
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