sábado, 22 de abril de 2006

A imunidade do anonimato

Anda pela blogo-esfera alguma agitação causada pelo artigo de Pacheco Pereira (JPP) no Público de quinta-feira. Sumariamente, o que penso é que JPP (desta vez...) tem razão no essencial; e que poucos o reconhecem devido à presunção característica do personagem.

JPP tem razão no essencial porque o fenómeno dos anónimos que escrevem nas caixas de comentários tem efectivamente aspectos nojentos(*). Há que recordá-lo sem pudores: nas caixas de comentários do Diário Ateísta, já aturámos ameaças de agressão física e insinuações sexuais, insultos em calão e pseudo-revelações sobre a vida privada dos que lá escrevem. Sempre de forma «corajosamente» anónima, e tudo porque somos ateus e não temos vergonha de daí tirarmos consequências.

Aliás, JPP é até muito meigo com os anónimos anónimos. O fenómeno, ao contrário do que o autor do Abrupto afirma, é específico da internete. Ninguém se atreveria a agredir-me na rua por eu escrever que a «Virgem de Fátima» é uma estória da treta, e nenhum dono de um café permitiria os insultos violentos que semanalmente se lêem em alguns blogues. Mas fazem-no nas caixas de comentários por uma razão óbvia: o anonimato protege e desresponsabiliza. Permite que quem anda direitinho e lavadinho no dia-a-dia se descomprima e solte a lama que lhe corre dentro nas caixas de comentários. Sem nome e sem responsabilidade...

(*) É evidente que há anónimos que não se aproveitam de estarem incógnitos para insultarem e ameaçarem. Mas não é desses que aqui me ocupo.

24 comentários:

  1. Então de que anónimos fala?
    A rede é uma sociologia totalmente diferente da rua , do dia-a-dia, e estarmos a "julgá-la" com esses valores, é quanto a mim errado. Se for a ver bem aprende muito mais lendo comentarios anonimos (para o bem e para o mal), sobre a psicologia das pessoas do que com os comentarios "personalizados" cheios de mascaras.Não defendo a "normalização" da net. Defendo a sua insubmissão, a sua porcaria, abjecção, porque com isso tambem virá muita e melhor net.
    A net é o unico canal de comunicação não editado, nem controlado pelas grandes empresas. O resto é por vezes desagradavel, mas no essencial superficial.

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  2. O artigo de JPP nao tem profundidade nenhuma! Limita-se a fazer generalizações!
    JPP limitou-se a ir ao Blasfemias e ao Aspirina B ler a lista de nomes e concluir que somos todos uns parvos. Ele nao quis conhecer ou discutir com seja com quem for. Há de facto pessoas mal-educadas, mas nem essas podemos dizer que sao doentes (como JPP insinuou). Este texto é uma tentativa de resposta a quem faz generalizaçóes a partir do proprio umbigo.

    Fátima Cordeiro, a anónima

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  3. sabine: exactamente.

    ricardo, pacheco pereira refere expressamnte diversos comentadores e bloggers. não se refere soa pios leitores do DA. aliás, é provavel que os defendesse em nome da liberdade de expressão, tal como defende que deveria ser possível constituir partidos fascistas em Portuga, coisa que a constituição proíbe.

    ele atacou «anónimos» que apresentam na maioria dos casos observações moderadas e pertinentes, e que contribuem assim para animar debates na blogosfera. é isso que o incomoda.

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  4. Caros anónimos bem educados (também os há, nunca disse o contrário...),
    quer queiram quer não, a verdade é que existem determinadas pessoas que só dizem o que dizem porque estão protegidas pelo anonimato.
    Querem exemplos?
    DA, no artigo seguinte, com comentários de hoje ou ontem:
    http://www.ateismo.net/diario/2006/04/b16-balano-de-um-ano-na-luta-catlica.php

    1) Comentário sobre a minha (suposta) vida profissional, vinda de um indivíduo que se assina «...»:

    «Ah, ah, ah, ah!

    É como os financiamentos que pedes para as tuas investigações... se não houver influência, népias... já não vais ao CERN, ficas em casa, não é?»

    2) Do mesmo indivíduo:

    «Está tudo dito, o RA é um artista português: usa pasta medicinal COuto... no cérebro!»

    3) Um exemplo aqui do «Esquerda Republicana»... a porcaria que vieram fazer na minha caixa de comentários por causa de um artigo sobre o debate Soares-Cavaco uns cavaquistas instigados pelo JCD do «Pulo do Lobo» e do «Blasfémias»:
    http://esquerda-republicana.blogspot.com/2005/12/o-ponto-de-viragem.html#113518570870091295

    a) «Olha Ricardo!... basta ser o contrário do que o soares sempre foi: sério, competente e honesto. Faz toda a diferença. Deviam experimentar um dia destes a menos que se achem tão incompetentes que só acreditem singrar mentindo, conspirando e roubando (compreendeste???)»

    b) «Ó pá, tanto atraso mental devia pagar imposto.»

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  5. Caros anónimos que não espumam da boca...

    «Não defendo a "normalização" da net. Defendo a sua insubmissão, a sua porcaria, abjecção, porque com isso tambem virá muita e melhor net.»

    Pois. Isso é fácil de dizer para quem escreve sob anonimato. Há quem escreva com o
    nome que usa na vida profissional e pessoal, e ature comentários que nunca ouviria
    na rua. Porque na rua se vê a cara das pessoas, e há pessoas que só têm coragem de cara tapada.

    «A net é o unico canal de comunicação não editado, nem controlado pelas grandes empresas. O resto é por vezes desagradavel, mas no essencial superficial.»

    É verdade. Essa é uma grande vantagem. Também por isso, convém não deixar estragá-lo...

    «Há de facto pessoas mal-educadas, mas nem essas podemos dizer que sao doentes»

    Eu não poria as mãos no fogo tão facilmente...

    «ele atacou «anónimos» que apresentam na maioria dos casos observações moderadas e pertinentes, e que contribuem assim para animar debates na blogosfera. é isso que o incomoda»

    Não sei se é isso que o incomoda. Sei que alguns dos anónimos que referiu têm feito coisas abjectas e que, nunca é demais repeti-lo, não fariam se não estivessem protegidos pelo anonimato. E o fundamental é isso: isto nunca aconteceria «lá fora»...

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  6. ricardo, sei do que falas.

    mas lembra-te do fenómeno do antigo blog porco latino? o dono do blog, embora não fosse anónimo, escondeu dos outros bloggers o detalhe de somenos importância de ser neo-nazi. a mesma pessoa inseria comentários anónimos contra si próprio.

    gente doida e gente perversa há em todo o lado, daí a necessidade de exrema cautela.

    repara nisto:
    http://eastethnia.blogspot.com/2006/04/zna-se.html#links

    o fenómeno não é português. é um fenómeno da blogosfera. mas o paceco pereira aproveirta este fenómeno crescente para hostilizar pessoas que são moderadas.

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  7. ainda assim, e pegando no teu exemplo, do DA, devo dizer que o «convívio» nas respectivas caixas de comentários com os fundamentalistas católicos anónimos, foi extremamente edificante. não foi determinante na minha decisão de cortar todos os laços com a ICAR ou com qualquer religião, mas veio confirmar as minhas rezões e mesmo reforçá-las.

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  8. ou seja, os pios leitores, como lhes chama carinhosamente o carlos esperança, pela linguagem que usam, e as ameaças que proferem acabam por reforçar o vosso ponte de vista.

    não se trata de um debate aberto. mas também não estamos a falar de gente tolerante.

    a questão é que não somos iguais a eles, e isso é notório no confronto que um leitor tem entre o conteudo dos artigos e doas diversos comentários.

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  9. Ainda não percebeu o que a net é. Não tente moldá-la ao seu gosto.Eu não defendo
    os ataques cobardes sob anonimato, como tambem não defendo as missas que tenho de ouvir de certas vedetas blogueiras que tentam moldar o espirito critico.
    Mas uma coisa lhe digo, prefiro os ataques anonimos rasteiros inocuos que não revelam mais que má educação, frustação e cobardia do que a tentativa (apenas que o seja) meliflua e insinuosa
    de a pretexto dum certo bom gosto social ou ética bloguistica, me virem impor morais ou "modus vivendi" que eu considero muito mais perigosos.
    De resto, e se sobre o que aqui deixo, achar que deve saber o meu nome, nº contribuinte, BI, diga.
    Mas habitue-se a discutir ideias opiniões, sem nomes, nem identidades.
    O que se passa , é que na maior parte das vezes olha-se a quem diz, não ao que se diz.

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  10. A existência e a inexistência de Deus são tão evidentes que já só restam os religiosos ateus e os religiosos crentes. Não é fantástico ?

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  11. Caro Anonymus: Não sei onde foi buscar tanta evidência!
    Há postais no DA muito lucidos mas há outros que desenquadram totalmente o blogue! O mesmo se passa com os comentadores: não sao so os defensores fanaticos da religiao catolica que colocam comentarios estupidos (digo isto como comentadora e como leitora do DA).
    Pessoalmente, Ricardo Alves, gosto mais de comenta-lo aqui, neste blogue: podemos discutir mais calmamente.
    Se nao quer ser importunado por anonimos maledicentes: acabe com essa opção! Foi isso que eu fiz no meu blogue - tenho menos comentarios mas sao de pessoas que posso saber quem sao -. e ir ao proprio blogue pessoal, muitas vezes!

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  12. Atenção: eu gosto do DA (acho que é um blogue importante, um abre-olhos) mas não de tudo o que lá é escrito.
    Quanto àquele exemplo da campanha eleitoral: para alem de se zangar com os anonimos, deve zangar-se\ tambem com os "instigadores"!
    Dado que o meu nome apareceu na lista de JPP deixo aqui um link onde explico a minha posiçao:
    http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2006/04/retratos-do-trabalho-no-abrupto.html#comments

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  13. Pacheco Pereira, como é metódico nele, parte de um facto negativo que é apenas minoritário (a insídia e a má criação dos comentadores, já que a maioria quer apenas exprimir-se e discordar ou concordar e sente-se estimulado pela caixa de comentários para o fazer), depois generaliza, depois desenvolve o seu fraseado demagógico para dar o recado que quer, que neste caso é: a net não devia ser para os pelintras, pois são pouco «amáveis», não têm chá, «nós» é que deveríamos decidir qual deveria ser o tom da blogosfera. Depois, encontra as causas de tal «descalabro»: a «inveja social» e a «visão invejosa e mesquinha do poder» das hordas anónimas comentadoras. Depois disto, que razão poderemos dar ao demagogo Pacheco Pereira?

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  14. Ual, quanta celeuma! Ricardo Alves, erá que devo fazer aqui o meu "outing"?

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  15. «Caro Anonymus: Não sei onde foi buscar tanta evidência!».

    Foi aqui mesmo. No blog do senhor Ricardo Alves. Um «precursor-sombra» de treze milhões de anos-luz ...

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  16. O «DA» é muito mau :
    O B16, a ICAR, o JP2, é pá aquilo parece o Pentágono.
    Por isso é que eu dizia que uma rabada é uma benção do Universo.
    Mas vocês estão a discutir os anónimos. Pachorra do caraças.

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  17. Outra coisa :
    Porque é que o senhor Lacordaire, «en exergue», não se lembra aqui do remediado ? Hum ?

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  18. Não apagar os comentários anónimos pode significar condescendência com a mera estupidez. Se um post lança um tema à consideração dos leitores é porque o seu autor pretende debater ideias, mas se entramos numa caixa de comentários repleta de insultos é porque alguém quiz boicotar o debate.
    Cartas anónimas ninguém aceita. Porquê aceitar na blogosfera o abjecto. Como diz um interessante slogan autárquico: "Ponha o lixo no lixo".
    Quanto a JPP, creio que ele despreza a caixa de comentários. Parece interessar-se pelo debate apenas se ele próprio for cabeça de cartaz.
    Embora respeitando opções contrárias, considero a caixa de comentários um elemento essencial, diferenciador dos restantes media. Também por isso deve ser estimado.

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