sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

O manual da direita politicamente corrigida

  • Não digas: «Prenderam-me por esfaquear três pretos e deitar dois maricas ao rio». Diz antes: «Fui vítima da opressão do politicamente correcto».
  • Não digas: «Quero que os pretos vão todos para África». Diz antes: «O multiculturalismo coloca-me sérias dúvidas».
  • Não digas: «Eu acho que a religião e moral deve ser obrigatória». Diz antes: «Os católicos são muito perseguidos no mundo moderno».
  • Não digas: «As galdérias que não engravidassem». Diz antes: «Preocupa-me a difusão de uma cultura de morte».
  • Não digas: «Não quero que os homossexuais celebrem um contrato com o mesmo nome do que o meu». Diz antes: «Querem-me destruir a família e separar-me dos filhos».
  • Não digas: «Impediram-me de fumar num berçário cheio de recém-nascidos». Diz antes: «Fui vítima do fascismo anti-tabágico».
  • Não digas: «Os pobres que se arranjem». Diz antes: «O Estado-previdência é uma tirania».

19 comentários:

  1. ricardo alves: sem querer estar a passsar-lhe a mãop pelo pêlo, este post está do melhor que eu tenho visto. e o último ponto em particular.

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  2. Excelente.Porque não fazer um "dicionario" ?

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  3. Aqui estão resumidos os cânones do ressabiamento!!

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  4. Muito bom Ricardo :)- só tenho dúvidas quanto à restrição ideológica à direita... já muito "rapaz" de esquerda que podia muito bem ter dito o mesmo.

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  5. Fontela,
    isto é só para «certa» direita (aquela a quem servir a carapuça...)

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  6. Entendido, mas continuo a dizer que podias ter dito certa esquerda que continuava a ser correcto - creio que a questão transcende a oposição esquerda/direita.

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  7. Sem enfiar a carapuça, antes pelo contrário, digo-te que esta imagem de direita nem o Arnaldo Matos nos tempos do PREC...

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  8. ...muito bom este manual...olha pus um anuncio no meu Blog...se quiseres participa...um abraço...

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  9. Concordo com o Koba. Eu, gajo de direita:

    1. Não sou racista, nem homofóbico;
    2. Não sou xenófobo. Mas julgo que nenhum estado poderá eximir-se controlar as suas fronteiras;
    3. Sou ateu;
    4. Sou a favor da mudança da lei em relação ao aborto;
    5. Não sou contra o casamento de homesexuais;
    6. Não sou antitabagista. Na minha sala fuma quem quiser, embora eu não fume;
    7. Não considero o Estado Previdência uma tirania, mas julgo que não pode susbsitir tal como o conhecemos.

    Dos 7 pontos apenas o Estado Previdência e a abertura mais franca das fronteiras nos separa.

    Explica-me, a esquerda, para se sentir esquerda, tem necessidade de demonizar a direita?

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  10. Ó Milo Manara, eu vou explicar: isto era uma brincadeira. Um exagero, como todas as caricaturas. E sobretudo uma resposta bem humorada a coisas que se passam noutros recantos da blogo-esfera...

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  11. Ok! Mas a caricatura podia muito facilmente ser adaptada ao politicamente correcto de esquerda, tão abundante na blogosfera... ou não?

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  12. Genial este post... humor de fino recorte!

    Um abraço

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  13. Milo Manara, é claro que sim, mas o que eu fiz raramente é feito.
    Mas não me custa reconhecer que há telhados de vidro dos dois lados. Aliás, a polémica dos cartunes tem permitido ver isso mesmo: há uma esquerda que critica o cristianismo mas não o islão, e há uma direita que critica o islão mas não o cristianismo.

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  14. milo manara,
    compreendo o seu ponto de vista, mas diga-me não acha estranho que a ideia de direita tenha sido sequestrada pelos ultra-conservadores?
    experimente dizer a certas pessoas de direita que é por uma mudança na lei do aborto ou que não se opoe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo... vão chamar-lhe, no mínimo, esquerdalho.

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  15. Cão Rafeiro,

    Já experimentei, já experimentei. E a reacção é exactamente essa, que sou de esquerda. O que não me atrapalha nada, porque me considero mais perto da esquerda do que da direita ultra-conservadora, sem dúvida.

    Essa direita representa 10% do eleitorado, não mais do que isso. Se calhar nem tanto. A esquerda serôdia gosta de imaginar que são mais, para poder continuar a falar do perigo fascista.

    A divisão entre a esquerda e a direita hoje é muito ténue. Isto é mais que um cliché. No fundo, a divisão é feita por cada um de nós e não por nenhuma cartilha.

    Eu, que sou por todas as liberdades individuais, que acho que a ciência não deve ser travada em nome de moralidade nenhuma, que defendo que problemas como a droga, o aborto e a prostituição só se atenuam se deixarmos de parte os juízos morais que possamos fazer sobre eles, considero-me de direita. E não é um idiota qualquer da JC que me vai convencer do contrário.

    Aliás, há uma ideia muito acarinhada por uma certa esquerda que me incomoda bastante e contra a qual me indignarei sempre. Que a direita é necessariamente inculta e superficial. Que só a esquerda lê. Que só a esquerda vai ao teatro. Que não se pode ser de direita e evoluído intelectualmente. Julgo que foi essa esquerda que, muito cedo, ainda em míudo, me empurrou para a direita. Porque, no meio em que cresci nem sequer havia a tal direita ultra-conservadora. O que havia de sobra era essa esquerda sectária, dogmática e preconceituosa.

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  16. Ricardo:
    Só para dizer que acho o post muito bom e uma ideia bastante original....

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  17. Não digas: «Queremos nacionalizar as empresas, tirar tudo aos ricos e acabar com tudo o que é privado». Diz antes: «Defendo os direitos dos trabalhadores.».

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  18. Brilhante, caro Ricardo Alves! Merece uma cópia descarada para o meu blog, se mo permitir...

    Os melhores cumprimentos

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