A propaganda católica afirma recorrentemente que a República não apenas «perseguiu» a ICAR em particular, como até «perseguiu» a religião em geral. Difunde-se assim, não apenas o mito usual da «perseguição horrível» como, implícitamente, o mito de que em Portugal, mesmo após 1910, só existiria uma religião (a católica). Na realidade, antes de 1910 já existiam minorias judaicas e protestantes, embora em situação de semi-clandestinidade porque (em boa verdade vos recordo) a liberdade religiosa antes de 1910 era só para a ICAR.
Não é portanto surpreendente que, logo no dia 8 de Outubro de 1910, Teófilo Braga receba o telegrama seguinte:
«Embora colectivamente alheio à política partidária, o Comité Nacional das Uniões Cristãs da Mocidade, representando a mocidade protestante portuguesa, encarrega-me de saudar em V. Ex.ª, como chefe do Governo Provisório, o advento da República Portuguesa, por termos nela a esperança de que acabará com todas as leis de excepção de que nós, protestantes, temos sido vítimas e nos trará as liberdades que há muito ambicionamos para mais desafogadamente trabalharmos para o engrandecimento da nossa pátria.»
Mais tarde, quando foi publicada a Lei de Separação da Igreja e do Estado, os protestantes protestaram, talvez com alguma razão, contra os «privilégios de que ainda fica gozando a Igreja Católica Romana». Apesar de os protestantes fazerem uma avaliação positiva da República e de considerarem que a Lei de Separação era tímida, a ICAR difundiu e difunde ainda hoje a lenda de que a Lei de Separação terá sido parte de uma «perseguição horrível» feita à religião católica em particular mas a toda a religião em geral. Mas, como se vê por estes e por outros factos deliberadamente ocultados, trata-se efectivamente de uma lenda: o objectivo da República era tratar igualitariamente as diversas confissões religiosas. Infelizmente, essa obra ficou inacabada.
...e ainda hoje se encontra...em pleno século XXI...com esta vergonhosa nova Concordata...com uma "coisa" como parte (devíamos lançar um movimento contra o reconhecimento do vaticano como Estado, visto que nem Meca, nem Jerusalém o são)...e esta nova e hipócrita lei de liberdade religiosa...
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ResponderEliminarE os líderes dos protestantes portugueses de hoje?
ResponderEliminarComprados pela ICAR com contas coloridas e oportunidades sociais...
Já têm tempo de antena!!!
Pois é André, a ICAR nos últimos 30 anos mudou de estratégia nas relações com os protestantes. Conseguiu «domesticá-los» mantendo o preonceito social...
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